* Palha, fumo &
seda *
Meu pai fumava ‘palheiros’, palha de milho envolvendo fumos desfiados, comprados em pacotes de alguns gramas. Destes fumos, havia vários tipos e marcas. Lembro-me da palha ser comercializada em pequenos maços, com coisa ao redor de 30 unidades.
Como eu, hoje, apalpo meus charutos à procura do melhor, mas ao final acabo fumando todos, da mesma forma, meu pai percorria as palhas à cata daquela que afigurasse a mais delicada. Não satisfeito, premia a palha escolhida com um canivete, apoiando-a e escorregando-a de encontro ao polegar esquerdo, para mais alisá-la e amaciá-la.
Meu avô, fumava cigarros feitos à mão. Com
auxílio de uma lâmina desfiava o fumo em corda, esfregava o tabaco recortado
entre as mãos quase o esfarelando, envolvendo-o a seguir com papel de seda.
Recordo dos maços deste papel. Acho que continham 50 folhas. A marca era Colomy, impressa em vermelho sobre um
fundo na cor amarela.
Um e outro, dosavam a quantidade de fumo, de acordo com suas preferências momentâneas. Um e outro de tais fumares eram ‘apagões’. Com extrema facilidade apagavam, exigindo quantidade apreciável de fósforos para reacendê-los.
Meu pai e meu avô, nunca foram patrulhados por suas respectivas preferências. O primeiro, nos anos 60, trocou os ‘palheiros’ pelos cigarros tradicionais. O segundo, desistiu de fumar quando andava pela casa dos quarenta e poucos anos.
Tudo sumiu. É verdade - por incrível possa parecer - ainda há ‘palheiros’, produzidos nas Minas Gerais, prontos para o consumo. Nada a ver com os do passado.
Tudo sumiu, é exagero. O papel seda continua firme e forte. Quem duvidar indague às tabacarias e casas especializadas. Nunca vendeu-se tanto papel seda, quanto agora.
Para quê? Para os ‘baseados’ de maconha.
Hugo A. de Bittencourt Carvalho, economista, cronista,
ex-diretor das fábricas de charutos
Menendez & Amerino,
Suerdieck e Pimentel,
vive em São Gonçalo dos
Campos – BA.
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