sexta-feira, 28 de abril de 2023

Direito de todos

 No dia primeiro de maio de 1886, em Chicago, mais de 180 mil operários que trabalhavam entre 14 e 16 horas por dia, em sinal de protesto, pararam suas atividades, exigindo oito horas por dia. A resposta dos patrões veio com violência. Seis operários morreram e centenas ficaram feridos. A luta valeu a pena. O direito foi reconhecido. Desse fato, surgiu o Dia Internacional do Trabalho, celebrado no dia primeiro de maio. 

O TRABALHO, o emprego e a justa remuneração são necessários para que os trabalhadores possam sustentar dignamente a si e a seus dependentes. Sem trabalho, a pessoa vai caminhando diretamente para a miséria e a fome. Sem trabalho, a assistência à saúde, à aposentadoria, todos os direitos sociais ficam prejudicados e afetam a dignidade do trabalhador. 

QUANTAS pessoas, hoje, são vítimas do desemprego! A atitude de pedir emprego, muitas vezes, se assemelha a um pedido de esmola. O pedido é feito de uma maneira mais ou menos envergonhado, como se fosse uma coisa errada, ou se a pessoa tivesse culpa de não estar empregada. Na realidade, ela está exigindo um direito fundamental: o direito de trabalhar. O trabalho não é um favor. É um direito de todos! 

AS MÃOS dos trabalhadores e trabalhadoras cultivam a terra, erguem edifícios, preparam alimentos, fabricam bens, curam, constroem, limpam, ensinam, educam, acariciam. Enfim, convertem a matéria bruta da natureza em bens de uso que servem para uma vida de qualidade. As mesmas mãos que são capazes de transformar a natureza, ajudam nas relações interpessoais, comunitárias, culturais e religiosas. 

O TRABALHO humano sempre deve ser um serviço à comunidade e um prolongamento da obra do Criador e merece um salário justo, que não quer dizer apenas o “estabelecido por lei”. É justo quando for suficiente para o trabalhador e sua família. Por isso, está roubando aquele que não paga um salário justo a seu empregado. Mas, o empregado também rouba, quando não cumpre seu dever em tempo e qualidade. 

SÃO PAULO estabelece uma lei dura: “Quem não quer trabalhar, também não deve comer” (2 Ts 3,10). O próprio Cristo quis ser um trabalhador manual, passando grande parte de sua vida na carpintaria com São José. Por intercessão de São José Operário e de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, invocamos a proteção de Deus sobre os trabalhadores e suas famílias.

Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito
[email protected]

 

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