Há,
no viver, poesia triste.
quando em preocupações
mergulhados,
não damos atenção à
encovada mão do irmão,
implorando ajuda, em
nossa direção.
em urgência distraída,
nossos olhos cegos
ficam.
O irmão e sua mão
estendida,
tornam-se invisíveis,
nos descaminhos da vida.
a depender - se
passante ou se pedinte - existe
se a mão que dá, der à mão que insiste.
Será, por toda vida,
implorar ao Padre Eterno?
assegurou sermos todos irmãos.
Passados tantos
séculos,
a mundial aspiração
segue sendo
fraternidade, a amizade
social.
Outro Francisco, o Papa,
nos mundanos dias
inundados por um mal universal,
ponderou: ninguém se salva sozinho
e - encantamento
indiscutível -
há que sonhar com
humanidade una e fraterna,
por sermos fratelli tutti.
A escuridão dos que
pensam só em si. Vidas pequenas.
Qual farol dará luz à
esperança de se alcançarem vidas plenas?
Ainda reinam em
corações e mentes,
sombras de um mundo
fechado.
Liberdade,
Justiça.
Conceitos destorcidos,
manipulados.
Desinteresse pelo Bem
Comum,
preceitos por quase
todos bem aceitos.
Lucro acima do bem
social.
Comportamento “normal”.
Falta de trabalho.
Legiões de pais e mães
aflitos
sem dar de comer aos
filhos.
O racismo,
em suas variadas
nuances.
Incrustrado no agir da humanidade.
poda o futuro dos que
dela padecem.
Escravatura, Tráfico de
pessoas,
Mulheres subjugadas,
Tráfico de órgãos...
fermentadas pelo medo e
pela solidão.
Necessidade de o mundo
encarar
a cultura de muros que encobre máfias e milícias.
Um estranho no caminho.
Um estranho no caminho,
para nos guiar nesse
desfiladeiro de incompreensões,
umbral de desencantos e
desesperança?
Passo inicial reconhecer
vivermos numa sociedade doente,
que desvia a atenção às
dores do próximo,
analfabeta
no
cuidar dos mais frágeis, vulneráveis e desamparados.
para incluir, integrar
e levantar os que sofrem
é de cada um em
particular
e de todos, em
conjunto.
A exortação papal nos
diz que o amor é a saída
para reconhecer-se
Cristo em cada pessoa excluída.
Na que esmola à beira
da estrada-vida.
Na que nos pede um
prato de comida.
de nossos olhos,
nem falar nossa língua.
A capacidade de amar
requer dimensão universal.
O amor sem fronteiras
constrói pontes,
e há que pensar e gerar
um mundo aberto.
para encontrar nos
outros um acrescentamento de ser.
O dinamismo da caridade conduzirá à comunhão universal.
A estatura espiritual da vida humana é medida pelo amor.
Amor em alcançar o
melhor para a vida do outro.
devem cultivar o
sentido da solidariedade e da fraternidade.
A ninguém pode ser
negado viver com dignidade.
É preciso pensar numa ética das relações internacionais.
não podem ser negados
aos estrangeiros.
O direito natural à
propriedade privada passa a ser secundário,
ante o princípio do
destino universal dos bens criados.
A defesa do acolhimento e da proteção das vidas dilaceradas,
em fuga das guerras,
perseguições, catástrofes naturais, traficantes sem escrúpulos.
de suas comunidades
arrancadas.
Impõe-se uma legislação global para as migrações,
projetos de longo prazo
além das emergências
individuais,
em nome do
desenvolvimento solidário das nações.
A política melhor.
A caridade a serviço do bem comum.
Caridade que, reconhece
a importância do povo,
e o tem disponível ao
confronto e ao diálogo.
A melhor política protege o trabalho,
uma
dimensão indispensável da vida social.
A verdadeira estratégia
contra a pobreza
não visa só atender os
necessitados,
mas promove-los na
perspectiva da solidariedade.
Além disso, é tarefa política encontrar solução
para o que atente
contra os direitos fundamentais,
eliminar o tráfico de
seres humanos,
vergonha
da humanidade,
e combater a fome,
situação criminosa
uma vez ser a
alimentação, direito inalienável.
A política centrada na dignidade humana
não deve se subordinar
a interesses financeiros.
O mercado
por si só, não resolve tudo.
Os estragos, causados pela especulação financeira, mostram-no.
Movimentos populares são torrentes de energia moral.
Envolve-los na
sociedade permitirá motivos nobres alçar.
Da política para os pobres,
se migrar
à política com os pobres
e dos pobres.
Outra aspiração anota que a ONU
deve consolidar o
conceito de família de nações,
trabalhando para o bem
comum,
na proteção dos
direitos humanos
e promovendo a força da
lei sobre a lei da força.
Diálogo e amizade social.
Arte do encontro que é a vida,
se nos impõe uma
irmandade mundial,
libertação da urgência distraída.
O milagre da amabilidade,
estrela a
nos iluminar
nos libertará da
crueldade
de nos outros não
pensar.
Ninguém é inútil.
Ninguém é descartável.
Toda dissenção é fútil.
Toda aceitação é
amorável.
Percursos de um novo encontro.
Sempre em construção.
A paz é uma arte;
cada qual faz sua
parte.
Perdoar não é olvidar os horrores
Soah, Nagasaki,
Hiroshima
e outros tantos pavores
que feriram nossa
autoestima.
Para o mal, a justiça e o perdão,
há que a todos amar sem
exceção.
Ao mantermos, na
memória, o mal,
devemos com o bem, o
mesmo fazer também.
É preciso recordá-los,
para não nos
anestesiarmos.
A chama da consciência
coletiva
assim, será mantida
viva.
Quanto às guerras nunca mais.
O desarmamento global
é imperativo humanitário e moral.
Com o dinheiro em armas
gasto
liquidaremos a fome
mundial.
Pena de morte deve, também, ser abolida
Há que se respeitar a sacralidade da vida.
Religiões a serviço da fraternidade no mundo.
O terrorismo não é fruto da religião.
Dos textos sacros, é má
interpretação,
bem como de políticas
de fome, injustiça e opressão.
O caminho da paz é possível entre os credos existentes,
para tanto, a liberdade
religiosa deve haver:
direito fundamental de
todos os crentes.
A Igreja não descuida sua missão.
Embora não viva a
política como tal,
por sermos fratelli tutti,
não renuncia à dimensão
política da vida,
à atenção ao bem comum,
à preocupação com o
desenvolvimento humano integral
segundo os princípios
evangélicos.
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