O mundo é hostil e o humano uma experiência imperfeita. Em verdade, ao contrário do que dizia Rousseau, o homem nasce mau e a sociedade o humaniza. Pela lei, fé, cultura, família, amor. Sem essas forças de contenção da ruptura temos uma besta fera à solta como já vimos nos fornos dos crematórios de inimigos banais, nos genocídios pela fome, nas repressões selvagens de carniceiros em Alepo, Ucrânia, Cuba, Vietnã, Venezuela, Brasil, Alemanha Oriental, Praça da Paz Celestial, torturas, crimes de guerra, ou em qualquer situação em que as forças limitantes estejam enfraquecidas.
Vemos nos lares de violência sexual contra crianças, no terrorismo do Estado e contra o Estado, nos mendigos queimados por diversão nas ruas bestiais do mundo. Nas mulheres que retalham o marido e colocam em mala, nos goleiros que dão sumiço na namorada grávida, nos psicopatas que ateiam fogo em escolas, que atingem com machadadas crianças indefesas. Nos pais que atiram a filha pela janela, na filha que mata os pais, nos padrastos que espancam o enteado até a morte, na mãe que vai fazer o cabelo depois de entregar o filho a violência do macho que escolheu.
Vemos nos animais que aproveitam para estuprar crianças após um furacão no país mais avançado do mundo. Na indústria farmacêutica que vende plasma contaminado, nos saqueadores que desviam dinheiro da saúde- até respiradores- na pandemia. Nos invertebrados que vendem próteses, stents, parafusos cirúrgicos- usados ou desnecessários-, anabolizantes, abandonando a ética e se entregando a volúpia e degradação do dinheiro fácil. Nos comerciantes de sentenças. Nos canibais ideológicos que pouco se importam com a vida humana, desejando apenas saciar sua fome de poder e servidão imoral. Nas piores coisas que desejamos a quem sequer conhecemos, ou nos contraria. Às vezes, o mero desejo de morte ou de dor a alguém, é um abraço no demônio silencioso que vive a nossa espreita.
O humano tem um potencial do mau que é instintivo, biológico, ancestral. A lei, a fé, a cultura, são seu altar de contração e conversão, mas continuamos sempre a beira do abismo e em risco quando elas falham. A falha dança sempre ao redor de nossa alma o seu baile de queda. E ela interessa aos projetos de poder. Não é toa que tentam de todo modo relativizar a lei e seus fundamentos morais; a fé, seus mandamentos, generosidade, a crença na recompensa eterna; a cultura, seu polimento emocional; a família e o amor como forças de potencial conservador.
Não nos deixem, humanos, sem o que nos dá aceiro e redime em nome de um falso progressismo e liberdade. A emenda será infinitamente pior- e cruel- do que soneto!
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