Escritor baiano Victor Mascarenhas mistura fantasia e realidade em 'Sete Dias em Setembro'
Que Dom Pedro I deu o grito de Independência há 200 anos, às margens do Riacho do Ipiranga, em São Paulo, o Brasil já está cansado de saber. Mas além do imperador, há outros dois importantes personagens que foram muito importantes naquele processo, mas pouco se fala deles: o carteiro Paulo Emílio Bregaro e o major Antônio Ramos Cordeiro. A dupla passou dias viajando por terra com a missão de entregar a Dom Pedro as cartas que provocaram o então príncipe a declarar a separação do Brasil de Portugal.
Como não há registros oficiais da viagem do major e do carteiro, o escritor baiano Victor Mascarenhas, fascinado pela história do Brasil, resolveu imaginar os perrengues que a dupla passou até finalmente conseguir encontrar Dom Pedro em São Paulo. Daí nasceu o livro Sete Dias em Setembro, que será lançado nesta terça-feira (18), às 18h, no Mariposa do Shopping Boulevard.
“A proposta do livro não é recontar pela enésima vez a narrativa oficial sobre D.Pedro, princesa Leopoldina e José Bonifácio. A ideia é levar o leitor para uma aventura num país que lutava para começar sua própria história, num cenário que tem muitos paralelos com o Brasil atual, que, de tão polarizado, mal conseguiu comemorar o bicentenário da independência em 2022”.
Victor mistura ficção e realidade na aventura, que, segundo o autor, é inspirada no formato dos velhos folhetins, com "ganchos" de um capítulos para o outro, com doses de aventura, suspense e humor. Para chegar ao resultado final, foram mais de dez anos de pesquisa, incluindo até uma viagem a Portugal em 2010, quando conheceu o quarto onde Dom Pedro nasceu e morreu.
Um dos desafios do escritor foi encontrar uma linguagem compatível com o início do século XIX - quando se passa o romance -, mas que, ao mesmo tempo, não fosse arcaica a ponto de afugentar o leitor contemporâneo. "Para isso, fui ler livros da época. Memórias de um Sargento de Milícias me ajudou muito. Eu queria uma linguagem estilizada. Então, eu mimetizo a linguagem da época de forma estilizada", defende Victor.
O autor assegura que, embora tenha tido liberdade criativa, respeitou os fatos históricos como ocorreram. "Apenas as cenas dos personagens principais são fictícias, porque a viagem deles não está documentada". Há também inúmeros outros personagens que também existiram: "Um deles é Evaristo da Veiga, que compôs o hino da independência. Até algumas fofocas que estão no livro são reais. Tem também o jornalista baiano Francisco Jê Acaiaba de Montezuma, que aparece numa passagem do livro na Bahia".
Publicada no Correio*
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