Assim ela foi crescendo, reprimindo
seus desejos e fantasiando estórias de amor. Nos sonhos ela não podia controlar
o que sentia, por isso mesmo acordava várias vezes no meio da noite banhada em
suor por conta dos sonhos de romances impossíveis e vergonhosos. Muitos
candidatos a namorado apareceram, até porque ela era muito bonita. Mas, todos
foram recusados por seus pais. Para sua filha queriam um homem da igreja como
eles e um quase santo.
Um dia este homem surgiu. Mário era um
ex-coroinha que frequentava as missas aos domingos, e levava uma vida pacata,
morando com sua mãe, uma viúva. Ele não era o homem dos sonhos de Ana. Mas, na
situação dela, “não tem tu, vai tu mesmo”. E foi assim que ela o apresentou aos
pais. Claro que foi muito bem recebido. Começaram a namorar, noivaram e
marcaram o casamento. No dia do enlace matrimonial Mário quase chega atrasado,
porque ainda estava trabalhando na fábrica. Casaram-se numa cerimônia simples e
passaram a lua de mel na casa onde iriam passar o resto das suas vidas. Mário havia construído aquela casa justamente
com esse propósito.
Após a cerimônia, houve uma recepção na
casa dos pais da noiva, que haviam convidado muitos membros da igreja. A festa
se esticou até pouco mais da meia noite, quando finalmente o novo casal feliz
chegou à casa em lua de mel. Era tudo que Ana sonhava e ela havia preparado o
cenário ideal para perder sua virgindade, se tornar mulher e finalmente
satisfazer todos os seus desejos reprimidos. Cansado, Mário tomou um banho, vestiu
um pijama, calçou os chinelos e já caiu na cama dormindo. Ana que havia se demorado
um pouco no banheiro, ficou surpresa ao encontrar o marido dormindo.
Ela não quis acordá-lo. Ficou deitada
na cama de olhos abertos matutando o que havia acontecido. Ele poderia ter
bebido mais do que estava acostumado; estava cansado, pois trabalhara até quase
a hora do casamento. Mil e um pensamentos lhe ocorriam para justificar o
desinteresse do marido na noite de núpcias. No dia seguinte, quando Mário
acordou já encontrou a mesa posta e como se nada tivesse acontecido, deu um
beijinho no rosto da esposa, conversou algumas bobagens enquanto tomava o
desjejum e se despediu saindo para o trabalho. Ana continua pasma, ainda sem
entender o que estava acontecendo. Passou o dia ruminando pensamentos. Quando enfim
a noite chegou e ela estava pronta para ele.
Vestiu-se com uma camisola sexy, colocou o
melhor perfume, decorou a casa toda com motivos eróticos e preparou um jantar
dos deuses. Mário entrou em casa, deu boa noite à mulher, passou direto para o
banheiro onde banhou-se, vestiu o pijama e calçou os chinelos. Ana o esperava
na sala de jantar. Quando o marido chegou, ela cuidou de servir o que tinha
preparado para ele, que comeu satisfeito, comentou os fatos do dia, as notícias
dos jornais e depois a convidou para irem para o quarto.
Alegre Ana acompanhou o marido, esperando
consumar o casamento. Antes de se deitar ela chegou perto dele, deixou cair a
camisola e deu-lhe um amoroso beijo. Mário beijo-lhe suavemente no rosto
dizendo: boa noite querida. O divórcio foi realizado na mesma semana. Mario
voltou a morar com a mãe e ela ficou com a casa que ele havia construído para o
casal. Todo final de semana ela saia com as amigas, só voltava no domingo para
ir à missa, rezar, confessar e comungar. Permanecendo pura, como sempre fora.
Dizem que nunca repetiu um parceiro!
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