O texto a seguir tem certidão de nascimento: 5 de maio de 2021.
Trata-se de guardanapo que tirei da gaveta de meus guardados quando cozinhei palavras de agradecimento à magistral professora Rosa Fauaze que, graciosamente, dedicara-se a revisar meus trabalhos.
Nossa convivência a partir daí foi intensa, porém breve.
A morte veio sequestrá-la, sem prévio aviso, em outubro do
mesmo ano.
* À
mestra, com carinho! *
ESCRITOR É QUEM SE PROPÕE A FEITICEIRO, misturando ingredientes do dicionário - as tais palavras - em fervente caldeirão, na intenção de atingir serpentino tom paradisíaco: o conhecimento da Verdade. Não é à toa que o vocábulo dicionário, etimologicamente, significa a própria palavra, a maneira de dizer.
Como simples aprendiz de feiticeiro, ousado que sou, tenho me dado ao desplante de intentar poções – porções de palavras combinadas ao leu – na expectativa de inebriar os leitores proporcionando-lhes a doce sensação do volátil lança-perfume do passado.
Embora – elevo a voz – melhor seria pudesse estar fisicamente junto à mestra feiticeira aprendendo, por exemplo, que após sinais de pontuação – sejam quais forem – o escorreito estilo determina que não nos valhamos de um pronome oblíquo. Infração, entre outras tantas, que cometo quando com cadinho, pipeta, proveta e caneta, assanho-me na busca da forma perfeita.
A história há de ser longa, mas por hoje, por aqui para.
Quando vocês, ao final de minhas fórmulas, se depararem com a anotação “Revisão por Rosa Fauaze, especializada em Educação Brasileira, professora da língua portuguesa e de francês, poetisa e contista”, encantem-se.
Atestado
que ali não encontrarão as gotas amargas da incorreção linguística. Tudo terá a
doçura portuguesa dos pastéis de nata ou de Belém dos quais me fartei, um dia.
Hugo
A. de Bittencourt Carvalho, economista, cronista,
ex-diretor das fábricas de charutos Menendez & Amerino, Suerdieck e
Pimentel, vive em São Gonçalo dos Campos – BA.
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