domingo, 28 de maio de 2023

 


O texto a seguir tem certidão de nascimento: 5 de maio de 2021. 

Trata-se de guardanapo que tirei da gaveta de meus guardados quando cozinhei palavras de agradecimento à magistral professora Rosa Fauaze que, graciosamente, dedicara-se a revisar meus trabalhos.

Nossa convivência a partir daí foi intensa, porém breve.

A morte veio sequestrá-la, sem prévio aviso, em outubro do mesmo ano.

 

* À mestra, com carinho! *

 

ESCRITOR É QUEM SE PROPÕE A FEITICEIRO, misturando ingredientes do dicionário - as tais palavras - em fervente caldeirão, na intenção de atingir serpentino tom paradisíaco: o conhecimento da Verdade. Não é à toa que o vocábulo dicionário, etimologicamente, significa a própria palavra, a maneira de dizer. 

Como simples aprendiz de feiticeiro, ousado que sou, tenho me dado ao desplante de intentar poções – porções de palavras combinadas ao leu – na expectativa de inebriar os leitores proporcionando-lhes a doce sensação do volátil lança-perfume do passado.

     Tal intento, palavras ao vento, se ressente de especial magia, a pureza estilística. O que não me perdoo. Por isso, recorri à amiga Rosa Fauaze, mestra em feitiços linguísticos. Propus-me voltar às aulas, agora não presenciais. Sendo tempos de pandemia, assumo comportamento consentâneo com os melhores padrões vigentes comportamentais. 

Embora – elevo a voz – melhor seria pudesse estar fisicamente junto à mestra feiticeira aprendendo, por exemplo, que após sinais de pontuação – sejam quais forem – o escorreito estilo determina que não nos valhamos de um pronome oblíquo. Infração, entre outras tantas, que cometo quando com cadinho, pipeta, proveta e caneta, assanho-me na busca da forma perfeita. 

A história há de ser longa, mas por hoje, por aqui para. 

Quando vocês, ao final de minhas fórmulas, se depararem com a anotação “Revisão por Rosa Fauaze, especializada em Educação Brasileira, professora da língua portuguesa e de francês, poetisa e contista”, encantem-se. 

Atestado que ali não encontrarão as gotas amargas da incorreção linguística. Tudo terá a doçura portuguesa dos pastéis de nata ou de Belém dos quais me fartei, um dia.

 

Hugo A. de Bittencourt Carvalho, economista, cronista, ex-diretor das fábricas de charutos Menendez & Amerino, Suerdieck e Pimentel, vive em São Gonçalo dos Campos – BA.

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