domingo, 7 de maio de 2023

 


*Ventanias de felicidade* 

 

Enquanto as presentes linhas escrevi, superlativa alegria curti. 

Coração em festa, convertera em letras tais instantes a um correspondente amigo, único vivente, desde então – 31 de maio de 2019 – sabedor dos fatos, ora mirados por outros olhos. 

Assim, sendo do mais elevado grau o traje da felicidade vivida, parto saudando a todos e todas com o figurino apropriado. 

Caríssimos Leitores, 

Ao posicionar-me no terreno das qualidades do mais elevado grau, mesmo sem ser habitual ‘superlativador’, devo confessar-me felicíssimo com aquela visita: filhas premiadas pela loteria das descendências. 

A número 1, pelotense residente em Belo Horizonte e a número 4, paulista, moradora em Brasília, havendo estado nas Alagoas à casa da filha número 2, porto-alegrense, ao retorno houveram por bem brindar o velho guerreiro com agradáveis momentos de reminiscências. 

Para tanto, além dos consagrados e fugazes instantes de convívio familiar, na companhia de minha mulher e de seus dois meios-irmãos e respectivas ‘paqueras’ de então, percorremos em descompromissadas caminhadas os recantos da cidade onde vivo, na qual suas barrentas ruas do entorno dão-lhe as feições da antiga Rio Pardo, cidade dos ancestrais gaúchos maternos da dupla visitante. 

Falamos de vivos e de mortos.

Elas, dos primeiros.

Eu, mais – ponham-se muitos mais – dos últimos. 

À madrugada do dia da despedida, enfrentamos intensa neblina, marca registrada local em tempos juninos, faróis acesos, na ida a Feira de Santana. De lá, ‘as meninas’ partiram para Salvador, rumo ao aeroporto. 

Filhos e filhas são bilhetes da loteria-vida, comprados ao acaso, amorosos momentos. Fui premiado várias vezes e, volta-e-meia, eles lotam o cofre de minha vida, punhados de emoções superlativas. 

Assim, amicíssimos leitores, relevem eventuais excessos ante o quanto ora confesso. 

Certas recordações, são ventanias de felicidade e ai daqueles - incapazes de nutrir sentimentos inebriadores d’alma - que se convertam, com o passar do tempo e as ausências, em estranhos às pessoas amadas com as quais um dia conviveram. 

De tal mal não padeço e, penso, nisto resida a razão de estarem em segundo plano na memória das personagens da minha vida, impensadas e imaturas ações das quais fui protagonista. 

Dispenso a ajuda do “camareiro da humanidade” – o velho Morfeu – para intentar sonhos felizes. Eles costumam acontecer no dia a dia de meu improvisado viver. 

Faço do passado lugar de reflexão, sem medos, arrependimentos ou pesares, e por concordar com ela, copio Antônia Gusmán, artista plástica e poetisa argentina: “no hay maestra mejor que la vida en continuo movimiento”. 

Enquanto escrevo, pela janela de meu quarto, voltada ao leste, sou brindado por aragem com o perfume das filhas. Ares puros e benfazejos trazem-nas de volta, sentindo-as tão presentes quanto antes. 

Agora, no entrevero de nossa tertúlia, peço licença para mandar a quantos e quantas me leem, o supremo testemunho de minha alegria. Como é bom sentir saudade de momentos felizes.               

Despeço-me, sem fugir ao figurino eleito para o momento.

Abraços?

Muitíssimos!

‘Abracíssimos’, pois.



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