domingo, 21 de maio de 2023

 


* OVNI *
 

Ao amigo, no infinito. 

 

Madrugada alta, em sonho,

acudiram-me raiados lampejos,

ejetados de uma nave circular,

em manso pouso nas longínquas planuras

dos pampas da minha juventude.

 

Senti-me abduzido.

Seria um OVNI?

 

Foi quando, iluminado, constatei,

não se tratar de Objeto Voador,

e sim, Ocasional Vivência,

como outras tantas que

no retrovisor do tempo,

ora revejo.

 

Em estando, como de fato estive,

navegante solitário

naquela nave-vida, rápida como a luz,

voltas muitas, dei ao mundo.

 

Falo de meu mundinho.

Recôncavo baiano,

mansas encostas marinhas

onde o vento, em curva, ajoelha-se.

Tamanho?

Um ponto, um pingo no ‘i,

a cabeça de um alfinete.

 

Assim, ante tanta disparidade

entre tamanho e velocidade,

vi-me na idade de entender

ser a conformidade

 o melhor prazer.

 Calo-me, mas aflito,

retorno ao sonho antigo,

o de poder um dia, no infinito,

conversar contigo, amigo.




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