* Rosa-do-deserto*
Agorinha, desfraldando o cortinado translúcido que abranda a amarelada luz matinal, lanço curioso olhar à procura dos felinos e da mulher, habitués madrugadores do local, e o que vejo? Vejo o esplendor de uma rosa-do-deserto, recém-despertada, com seu fúlgido vermelho-lindo e aspecto de quem está de bem com a vida.
Rosas-do-deserto são flores de personalidade marcante, distintas das rosas outras inspiradoras de canções encantadoras ou presentes em romances e juras de amor, mundo afora. Aquelas não florescem para serem ofertadas às dúzias, são verdadeiros oásis, momentos de paz e refrigério. Cada uma rosa-do-deserto corresponde ao esplendor de uma realidade única. Como determinadas mulheres.
Mulheres
são flores, enfeitam nossas vidas.
Algumas,
girassóis, acompanham nossos passos.
Outras,
cravos, às nossas lapelas, nos convertem em cavalheiros.
Outras mais, rosas amarelas, vermelhas, rosas, (en)cantadas, em versos e em prosas.
Entre elas - falo do mundo feminino - há uma minoria: mulheres raras, rosas-do-deserto. Tão especiais que precisei viver longos anos para (re)conhecer uma. Mulher-flor, rosa de desértico atributo, origem certificada, sangue paterno árabe nas veias.
Mulher que, como qualquer ser desta vida sem fronteiras, disse-me sonhar desfeitos sonhos. Como eu, em sonho de menino, viajar em cruzeiro sem destino. Ambos seguimos a ver navios.
Mulheres rosas-do-deserto têm também suas manias. A que conheci confessou-me que ante o afastamento prolongado de benquista pessoa, ao tentar recordá-la, em vez de gente, deparou-se com fantasmas. É como me sinto, um abantesma, dirigindo-me em memória à amiga rosa-flor, após a árida e insuperável vastidão que nos apartou. Mas que, malgrado tal desdita, seguirá florindo em prosa e verso, neste mundo adverso.
Para não pairarem dúvidas quanto às minhas assertivas ou serem tidas por fruto da imaginação, tal mulher rosa-do-deserto existiu. Baiana, cujo nome de batismo - Rosa Fauaze – de per si comprova o quanto declarei. Precisa dizer mais? Especializada em Educação Brasileira, professora da língua portuguesa e de francês, poetisa e contista, enquanto viveu, constituiu-se em verdadeira rosa-do-deserto no quase árido jardim de minhas rosadas amizades.
Para não pairarem dúvidas quanto às minhas assertivas ou serem tidas por fruto da imaginação, tal mulher rosa-do-deserto existiu. Baiana, cujo nome de batismo - Rosa Fauaze – de per si comprova o quanto declarei. Precisa dizer mais? Especializada em Educação Brasileira, professora da língua portuguesa e de francês, poetisa e contista, enquanto viveu, constituiu-se em verdadeira rosa-do-deserto no quase árido jardim de minhas rosadas amizades.
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