* Alegoria
virtual *
À Prima Luíza,
a quem devo inspiração para presentes versos.
Inesperadamente,
Tempos de
insegurança, tempos de prisão.
Casas mundo
afora, templos de reclusão.
De
repente,
Instantaneamente,
Tempos
de estupidez, tempos de aprendizados.
Amigos e familiares não mais andam abraçados.
De
repente,
Ano
20, março, exatamente,
Já
tempos da vivência virtual,
OMS
em ação: distanciamento social.
De repente,
Virtualmente,
Em mansões,
casas, barracos, ocas, palafitas,
Sombras,
sons, cores, tons, soam a desditas.
De
repente,
Abundantemente,
Em
telas, telinhas, telões,
Miragens
inseguras, alardes, falsas ilusões.
De
repente,
Implacavelmente,
Fios
da esperança decepados.
Mais
penumbra e mais corpos enterrados.
De repente,
Precavidamente,
Em nada mais
se toca; anulam-se os contatos.
Tem-se, em
troca, vírus em solas de sapatos.
De
repente,
Enfaticamente,
Notícias
incessantes acerca de tal mal.
Em
cantos e recantos, mesma crise mundial.
De
repente,
Incompreensivelmente,
Uns
tantos tratam a pandemia com desdém,
Afirmam:
a dita nenhum mal fará a alguém.
De repente,
Compreensivelmente,
Dos fatos
dão-se conta os desavisados,
Presos às
próprias sombras; assombrados.
De
repente,
Logicamente,
Os
que alcançaram da crise a dimensão,
Via
redes sociais compartilham opinião.
De
repente,
Poeticamente,
De
mortes, campas, cruzes, avalanche,
A
todos luz haver nenhuma chance.
De repente,
Lamentavelmente,
Uns, contra;
outros, a favor do cárcere forçado.
Projetos
divergentes, cada qual para um lado.
De
repente,
Absurdamente,
Dar
as costas à ciência, coisas de tal jaez
Remetem-nos
às cavernas onde mora a estupidez.
De
repente,
Finalmente,
O
homem vê-se aprisionado a esmo.
Prisioneiro,
não do mal, mas de si mesmo.
Para
encerrar este repente,
Por
certo, melhor seria
Se
tudo fosse somente
Virtual
alegoria.
Um comentário:
Infelizmente, os de repentes muitas vezes chegam e vão-se embora sem serem notados por muitos.
De repente,
Inesperadamente,
Instantaneamente...
as coisas acontecem.
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