O relógio controla nossas idas e vindas, o início e o fim de qualquer atividade. Informa-nos a hora de deitar e levantar. É ele que nos alerta se estamos atrasados ou se, eventualmente, ainda temos de esperar. É consultado por todos, centenas de vezes ao dia. Dirige nossa vida nas salas, nos gabinetes, no alto das torres, nos carros e no pulso. Poucos ditadores no mundo tiveram o poder que dispõe o relógio!
PARA MELHOR situar o tempo,
nós o cortamos em fatias: segundos, minutos, horas, dias, meses, anos e
séculos. Também, tentamos percebê-lo através de três dimensões: passado,
presente e futuro. Ou ainda: ontem, hoje e amanhã. Mesmo assim, não sabemos
comportarmo-nos diante desses três estágios. Preocupamo-nos com o ontem e
amanhã e descuidamos o hoje. O passado é definitivo e imutável, o futuro é
desconhecido. Nosso, é apenas o momento presente.
A MAIORIA dos
relógios, prudentemente, nos lembra o dia de hoje. Este é o dia mais importante
de nossa vida. É o único tempo que é nosso. É tão importante que dele pode
depender a eternidade. Tempo é um precioso presente que Deus nos dá. E porque é
um presente, devemos cuidar dele com carinho. O tempo empregado da melhor
maneira é o que ocupamos servindo as pessoas, especialmente as mais
necessitadas: doentes, pobres, deficientes, drogados…
OUTRA atitude prudente é não jogar
para o futuro as nossas decisões, porque Deus oferece sempre e a todos, o
perdão, mas não garante a ninguém o dia de amanhã. Sabemos, com certeza, que
cada volta do ponteiro do relógio nos garante que chegamos mais perto do final.
De vez em quando, os relógios param. Num belo dia, nossa vida também vai parar,
sem direito a consertos, pilhas novas ou prorrogação.
UMA FRASE latina
afirma: “Tempus, festina lente, edax rerum” (o tempo caminha devagar e sempre e
devora todas as coisas). O Livro do Eclesiastes lembra: “Cada coisa tem seu
tempo neste mundo” (Ec.3,1) e Jesus Cristo diz: “O tempo é como uma nuvem que
passa…” (Lc.12-54). Por isso, fiquemos sempre atentos, para não desperdiçar
nada do tempo. É com ele que vivemos, nos realizamos e preparamos a eternidade.
“Cada um colherá aquilo que tiver semeado” (Gl. 6,7).
Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito
[email protected]
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