* O dogma charuteiro *
Contraditar verdades ou dogmas, como tal assumidos, implica, dentro de nossos (pré)conceitos, em atitudes heréticas. Millor Fernandes, escritor de fino humor, declarava em sua coluna Pif-Paf da revista semanal O Cruzeiro (1928-1975), “livre-pensar é só pensar”.
Bem pensando e bem pesando em uma manhã dominical, eu e meu charuto conversamos a respeito da forte tendência em considerar heréticas, atitudes diversas aos padrões comportamentais estatuídos.
O fato é de tal grandeza que, fumadores de charutos há, tementes em serem tidos por hereges pelo simples fato de pensar numa singela cigarrilha.
Não há dúvida, “millorfernandeslivrepensando” aí estarem presentes influências da formação histórico-católica. Contrariou o dogma? Fogueira. Desafiou as “verdades”? Excomunhão.
Tais temores extrapolaram os muros da fé, estendendo-se ao dia a dia de todos nós. Barreiras foram erguidas, para “proteger” atos e atitudes representantes de interesses na manutenção do ‘status quo’ das classes dominantes.
Por isso, tantas contradições enfrentamos. Uma delas, para ficar restrito ao negócio do tabaco, o fato dos apreciadores da arte e do prazer de fumar, para serem puros, só poderem fumar charutos.
Indago a meu charuto-companheiro: Onde está a imperfeição de te deixar, por alguns momentos, trocando-te por algo semelhante?
Os ortodoxos tremem ante tal
livre-pensar. Afinal, aquilo que “ensinaram” não era bem assim. “Aprendemos que uma vez Flamengo, Flamengo até
morrer”.
Por que “flamengar” sempre se, “vascainamente”, podemos torcer pelo Fluminense?
É por tais razões que, amante dos charutos, volta e meio os traio com minhas cigarrilhas escurinhas. Sem preconceitos e sem o infundado temor de ser considerado blasfemo.
Ai daqueles que, ao envelhecer, não
tenham aprendido a pensar!
Menendez &
Amerino, Suerdieck e Pimentel,
vive em São Gonçalo
dos Campos – BA.
http://livrodoscharutos.blogspot.com
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