sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Ser ou não ser. Será mesmo essa a questão?

Em 1964, aos 10 anos, eu não sabia nada sobre política. Mas, quatro anos depois eu já engrossava passeatas estudantis cotra a ditadura, mesmo sem saber direito que bicho era esse. Em 1976 acompanhei meu padrinho que estava empenhado em uma campanha política para eleger um primo seu a prefeito, daí comecei a entender um pouco o que seria política e partidos políticos. Desde que dei o primeiro voto para prefeito, eu acreditava estar fazendo a coisa certa votando em determinados candidatos. Havia uma briga feroz contra e a favor da ditadura.

            Não creio que meus votos tivessem mudado alguma coisa para melhor ou para pior na minha vida como cidadão brasileiro. Em 1979 “a dita” já não era mais tão dura e virou mole com a implantação do pluripartidarismo. Naquele ano eu estreava como jornalista, profissão que exerci por quase 40 anos e nela me aposentei. Durante todo esse tempo eu votei em candidatos das mais diversas agremiações políticas, a princípio, acreditando estar fazendo a coisa certa.  Eu tinha fé no Brasil. Como um jovem sonhador, eu acreditava mesmo que com o meu voto eu poderia mudar o meu destino, o destino do País. Tadinho de mim! Não demorou para me dar conta de que o Brasil não tinha jeito.

         Foi então que eu comecei a votar apenas para não ser punido na minha cidadania e buscando sempre eleger os menos ruins. Estamos todos num mato sem cachorro, mas, ainda tem gente que vota acreditando em mudar qualquer coisa no Brasil para melhor. Com o pluripartidarismo se vota em tudo quanto é bicho papão, mas, eleger mesmo alguém interessado em governar o país, com foco no bem-estar do povo, é pura ilusão.

         Se não vejamos: Você meu caro eleitor, pode ter votado em Lula ou em Bolsonaro. Lula foi eleito. Agora pense e responda francamente: Mudou alguma coisa? O Brasil melhorou ou piorou? Claro que não. O dinheiro pode ter mudado de bolso. Mas, as práticas políticas e governamentais são as mesmas. Ou seja: Cada qual puxando a brasa para sua sardinha.

Por incrível que pareça, ainda existem pessoas bem-intencionadas, preocupadas com o futuro do País e com o futuro dos seus filhos e netos. Mas, estão desiludidos. Aquele acirramento político que existia antigamente para eleger um candidato da esquerda ou da direita, ou qualquer outro, focando-se exclusivamente em quem governaria melhor o Brasil, já não existe mais. Hoje em dia se vota em quem tem mais para oferecer, não à população, ao povo, mas a cada um individualmente. “Farinha pouca, meu pirão primeiro”!

         Lula ganhou. Mas, e daí? Mudou alguma coisa em sua vida? Bem, pode ter mudado, caso você tenha amarrado seu voto a um compromisso com algum político que vai facilitar a sua vida. Mas, para o povo em geral, que estuda e trabalha, pouco ou nada vai mudar. Quem não se amarra a um candidato que possa lhe oferecer alguma coisa, está literalmente num mato sem cachorro. Embora agora não seja mais obrigado, eu ainda voto, mas, somente para prefeito e vereador, porque estes estão próximos de mim e eu posso atazanar, pessoalmente, a vida deles cobrando serviço. Contudo, para governador, senadores, deputados e outros tais que estão muito longe de mim para que eu possa cobrar qualquer coisa deles, não.

Não é mudando de regime político que vamos resolver as nossas mazelas, mas, sim, mudando os políticos na sua maneira de ser e de agir. E isto está muito longe do nosso alcance.  

 

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