domingo, 21 de janeiro de 2024


 *Quem avisa... * 

Magia

Magia é, enquanto escritores, fazer outros verem o mundo pelas lentes da nossa pena.

Autoridade

Não é à toa, pois, de ‘autor’ derivar ‘autoridade’.

Confusões

Algumas vezes, o escritor não domina o assunto sobre o qual cogita, mas tido por autor (idade) induz a confusões, leitores desavisados.

Disfarces

Ocasiões outras há, nas quais o autor mascara-se em simples letras ou pseudônimos. Eu valia-me da fonética de duas letras (‘Agacê’), para não explicitar a autoria de meus (des) dizeres. O mestre da literatura nacional Machado de Assis, em muitas crônicas e contos na imprensa do século 19 - moda então – vestiu inúmeros disfarces: A, JJ, Y, Max, Job, Austríaco, Dr. Semana, Gil, Manassés, Lara, Lélio, sem esquecer João das Regras.

Alerta

Em relação a mim, devo alertar: não levem muito a sério minhas ilações - recortes do jornal-vida - esquecidas nos escaninhos do cofre cordial de onde costumo desenterrá-las em momentos de melancolia.

Amores

Principalmente ao abordar amores santos e profanos, ilusões e desilusões ou vice-versa, dificulta-se voltar a bater à porta das ilusões após as desilusões vividas ou vice-versa.

Placebo

O melhor remédio para as (des) ilusões são as palavras-placebo quando nascidas da boca de um poeta. Oriunda do verbo latino placere (agradar), além de placebo, entre outras, também temos prazer e plácido.

Prazerosa placidez

Assim, na prazerosa placidez de um dia tido como santo, mas profano por ser republicano, ao evocar santificados amores profanados vida afora e outros tantos, profanos elevados às honras dos altares, portanto santificados, desanuvio as lentes de minha pena e volto a palavrear. Tais cuidados despertam-me do sono-sonho quando viajei ao embalo da inebriante magia das palavras-placebo ministradas por Morfeu.

Quem avisa...

Eu avisei, sou viciado dependente das palavras. Quem avisa ...

 



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