Pode ser bonito, elegante, importante falar em público. Contudo, isso requer uma certa capacidade natural, oriunda de muita leitura e muito treinamento na fala. Não é só abrir a boca e ir soltando palavras, como se elas fossem se agrupar na ordem que o palestrante deseja. Não é assim. Uma palestra requer preparo. Começa com a escolha do tema e mentalmente se vai colocando as palavras numa ordem coerente que facilite o entendimento de quem está ouvindo. É um dom natural. Já ouvi pessoas semianalfabetas falando sobre assuntos que dominavam e que, embora com alguns erros linguísticos, conseguiam transmitir muito bem o que queriam dizer. Muita gente letrada não consegue isso.
Eu disse que é um dom natural. Mas, as
pessoas podem buscar auxílio junto a mestres em oratória para aprender como
concatenar suas ideias e expressá-las de forma que haja um bom entendimento por
parte dos ouvintes. Sim, isso pode ser feito, mas, não é fácil. Já vi muito
palestrante que julga ter o dom da oratória, que fala por horas seguidas sem
conseguir transmitir nada para os ouvintes. Ou seja: Falam, mas não dizem.
Os mais antigos devem se lembrar do
personagem Odorico Paraguaçu da obra do escritor Dias Gomes, “O Bem Amado”, que
falava “bonito”, mas, não dizia nada. No seu falatório acrescentava palavras
que ele mesmo criava e que não estava em nenhum dicionário. E parafraseando Odorico, “pondo de lado os entretantos e indo direto aos
finalmentes, deixemos o pratrasmente e vamos ao prafrentemente”.
Como eu disse, falar é uma arte. E a
história está cheia de pessoas bem-falantes que encantaram suas plateias pelo
mundo afora. É bom saber falar. Porém, o mais importante é saber se comunicar,
transmitir ideias, pensamentos e conhecimentos. Dá até gosto de ouvir um bom
palestrante. Mas, é irritante perder tempo com gente que fala muito e não transmite
nada.
Como dizia Chacrinha, o Velho
Guerreiro, “quem não se comunica se trumbica”!
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