segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Colapso total

         “Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil”. Muitas tolices desse tipo já foram ditas por inúmeros homens do governo brasileiro nas mais diversas épocas. Essa “pérola” foi cunhada por um ministro do governo militar lá pelos anos 70, e todo mundo sabe que o Brasil não acabou (ainda) e a saúva vai muito bem de saúde. O que pode dar o golpe de misericórdia no Brasil não é a saúva, mas outro tipo de formiga. Elas também são pequenas, vermelhas, numerosas, mas muito mais destrutivas que as saúvas que gostam muito do verde dos vegetais, mas estas outras gostam muito do verde dos dólares que consomem em quantidades astronômicas com um apetite insaciável. São as “petralhas”.
         Desde que me entendo por gente (e isso já faz muito tempo mesmo), já passei por governos desastrosos que grandes danos causaram ao Brasil, mas não conseguiram acabar com esse gigante. Eu era menino (10 anos) quando a sociedade e a igreja católica pediram a ajuda das Forças Armadas para impedir a investida do Comunismo no Brasil e restaurar a ordem e o progresso. No começo até que parecia estar dando certo. A paz voltou a reinar, a economia começou a entrar nos eixos e o País começou a experimentar um período de crescimento.
         Porém, como se sabe, o poder corrompe. E com os militares não foi diferente. Era só para eles colocarem ordem na casa e entrega-la de volta à sociedade organizada. Mas eles tomaram o “gostinho” pelo poder e, sob a desculpa de “combater o avanço comunista”, foram ficando, ficando, e deu no que deu. Agora, o que ameaçava o Brasil não eram mais os comunistas, mas os membros do próprio governo com sua sede de poder, com sua violência e crueldade desenfreada, que prendia, arrebentava, dava sumiço e matava quem quer que contestasse os seus desmandos. Foram verdadeiros anos de chumbo.
         E de que adiantou? Desgastados pela corrupção e roubalheira dos seus membros, pela sua sanha assassina, o governo militar caiu de podre. Vieram então os “salvadores da pátria”, aqueles que nos discursos políticos prometiam colocar o País novamente em ordem. Elegemos Tancredo Neves, que para vencer teve que fazer aliança com figuras espúrias da política brasileira e colocou Zé Sarney como seu vice. Pobre de nós. Tancredo morreu ou foi “matado” (nunca vamos saber) e ficamos com a sua herança maldita. A ciranda financeira dominava a economia, moeda nacional não valia nada e corrupção campeava sem freio. Ainda assim o Brasil não acabou.
         Depois de passar com Fernando Collor, que conseguiu cair na armadilha que ele próprio preparou, acabando com o cheque ao portador, e, por isso mesmo flagrado gastando “sobras de campanha” para comprar um carrinho popular fuleiro, sofreu um impeachment (imediatamente após, o Congresso aprovou uma lei permitindo o financiamento de campanhas eleitorais). Assumiu Itamar Franco que colocou no ministério da Fazenda o intelectual Fernando Henrique Cardoso, criador do Plano Real, que deu estabilidade à economia Brasileira. Isso lhe deu o cacife necessário para se eleger presidente. Mas, como já disse, o poder corrompe, e ele passou mais tempo cuidando da própria reeleição, comprando deputados e senadores, do que governando o Brasil.
         E foi com base nas falhas de Fernando Henrique que Lula fez sua campanha à presidência e, nós, incautos, cansados, ávidos por uma mudança de verdade, por um governante oriundo do povo, que entendesse bem os nossos sentimentos e atendesse aos nossos anseios votamos nele. Deu no que deu. Como eu disse, vi muitos governos desastrosos, mas nunca um igual a esse. A fome dos petralhas por poder e dinheiro não tem fim, ao ponto de se esquecerem de investir em setores básicos para economia e segurança de um pais, com energia, água, transportes e educação.
         Santo Deus. Vai faltar água, vai faltar energia, vão faltar alimentos, e perece que ninguém está se dando conta disso. Juro. Eu já vi muitas vezes o Brasil entrar em vias de um colapso total. Mas nunca vi chegar tão perto a ponto de ter a certeza que tenho de que ele virá.

         Salve-se quem puder. 

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