quarta-feira, 14 de outubro de 2015

O Emoji vai virar um novo idioma?

O ano de 2015 poderia ser já chamado de o ano do Emoji. A lista quase infindável de ícones foi a responsável por mandar um adolescente americano para a cadeia (quando ele usou imagens de pistolas para ameaçar a polícia de Nova York) e atiçou a ira do presidente russo, Vladimir Putin, que estaria tentando banir o uso de símbolos gays do aplicativo. As adoráveis carinhas sorridentes até ganharam vida própria em um filme de Hollywood.
O Emoji é agora usado em cerca de metade de todas as frases publicadas no Instagram. E o Facebook deve introduzi-los em breve ao lado do famoso botão “Curtir”, para os usuários expressarem sua reação a uma postagem.
Algumas pessoas já dizem que o Emoji é um novo idioma e que logo deve competir com o inglês em número de usuários mundiais.
Para muitos, isso seria uma evolução animadora na maneira como nos comunicamos; para outros, é o apocalipse linguístico.

Ênfase e complemento
Como linguista especializado em comunicação visual, sempre me interessei em explorar exatamente de onde vêm essas afirmações. Será que o Emoji apresenta as mesmas características de outros sistemas de comunicação e de idiomas propriamente ditos? E será que eles nos ajudam a expressar algo que as palavras não conseguem?
Quando um ícone do Emoji aparece ao lado de um texto, ele normalmente suplementa ou enfatiza o que está escrito.
É a mesma coisa que os gestos fazem quando falamos: nas últimas três décadas, pesquisas mostraram que nossas mãos oferecem informações importantes que normalmente transcendem e esclarecem a mensagem do discurso.
O Emoji também tem essa função. Mandar uma carinha beijoqueira ou uma piscada pode elucidar se uma declaração é uma leve provocação ou pura maldade.
Isso é algo crucial no uso da linguagem: quando falamos, constantemente usamos gestos para ilustrar o que queremos dizer. A escrita remove essas informações não-verbais, mas o Emoji pode nos permitir reincorporá-las ao texto.

O papel da gramática
Os símbolos coloridos nem sempre são usados como enfeites. Às vezes, uma sequência de ícones pode significar uma mensagem mais longa. Mas para se tornar um idioma próprio, o Emoji precisaria de um componente essencial: a gramática.
Um sistema gramatical é um conjunto de regras que define como o sentido de uma frase é embalado de maneira coerente. O fato de as línguas naturais terem uma gramática as torna diferentes de linguagens inventadas.
Quando os ícones do Emoji são isolados, eles são primariamente governados por regras simples relacionadas apenas a seu sentido.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo linguista Tyler Schnoebelen, da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, os usuários do Emoji costumam criar sequências com símbolos que apresentam um significado comum.


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