domingo, 7 de fevereiro de 2021

Gol legal

      Namorar e bater pênalti tem muita semelhança, embora à primeira vista possa não parecer. Claudomiro, conhecido Miro, dizia-se bom  em tudo, inclusive nos pênaltis e no namoro. Margot uma garota bonita e pouco afoita, jogou a pedra fundamental de um romance com o mancebo, bom representante comercial, hoje em Euclides da Cunha, amanhã em Teixeira de Freitas, Barreiras, Cocos. A Bahia era pequena para ele. Fins de semana, o baba e Margot. “Amor hoje bati um pênalti espetacular, bola num lado, goleiro no outro. A bola entrou toda!” gabava-se. E Margot sonhando em cometer uma falta máxima para ele cobrar, e nada!

Mas como em muitos romances, havia o Guilherme, bom meio campista que marcava com precisão os passos de Miro sem este perceber. Nova viagem demorada e na semana seguinte ele aparece na casa da pequena. Eram 19h30min - para muitos sete e trinta da noite -, tempo de bater o pênalti que ele tanto prometia. Mas lá da esquina observou a presença de Guilherme. Sem nada entender  deu meia volta e foi  visitar uma cerveja no  bar de Walter.

Noite seguinte lá estava na porta de Margot. “Amor hoje é o nosso grande dia, sente o perfume! Hoje eu vou bater aquele pênalti indefensável!” E a bela Margot, tranquilamente: “Não adianta!”. Sem perceber bem a dimensão do caso, ele questiona, “mas amor há quanto tempo esperamos isso?”, e Margot sincera: “É verdade, só que você demorou muito, acho que esperando o Arbitro de Vídeo. Com Guilherme não teve paradinha para enganar o goleiro. Ele mandou que eu ficasse na posição correta, com os braços e as pernas abertas e chutou com violência no meio do gol. Tentei defender, mas a bola entrou toda’‘. “E depois?”  Pergunta o desalentado Miro. “Bem, aí foi só correr para o abraço,  gol legal!”

 

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