terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Borboleta da Sibéria


Pesquisa na China diz que muitos homens homossexuais se casam com mulheres por pressão social. O artista plástico Xiyadie (seu nome artístico significa Borboleta da Sibéria) é um dos casos mais famosos de gays casados da China. Aos 48 anos, o artista já expôs seus trabalhos em Los Angeles e Estocolmo. Xiayadie se dedica ao jianzhi, a arte do corte de papel, que é um dos tesouros culturais chineses. A temática de sua obra, porém, é sua vida ao lado de seu companheiro de oito anos.

A primeira vez que descobri ter sentimentos por meninos foi ainda criança, na escola. Eu achava que era doente, um cafajeste”, conta. Aos 24 anos, o jovem de origem humilde cedeu às pressões familiares e se casou após ter sido apresentado a dezenas de meninas pelos seus pais. “Naquela época eu já tinha certeza de que era gay, mas não tinha coragem de assumir, então tinha meus relacionamentos às escondidas. Era como se eu soubesse que precisasse comer do prato, mas também queria comer direto da panela”.

Apenas há dez anos o artista encontrou forças de conviver com seus sentimentos. Apoiado por um especialista em jianzhi de sua cidade natal, Yan'an, na província de Shanxi, o berço da arte milenar, Xiyadie mudou-se para Pequim, deixando para trás sua esposa e seus dois filhos. Ele ainda não consegue viver de sua arte, então mantém um trabalho regular em um estúdio do cineasta Xiang Ting, em Songzhuang, leste da capital, onde trabalha como segurança, cozinheiro e zelador por 1,5 mil yuans mensais (R$ 490) e, à noite, faz seus recortes dentro de seu quarto de dois metros quadrados. E não está divorciado.

Minha esposa e minha filha sabem que sou homossexual. Minha filha conhece meu namorado e eles se dão bem”, conta. O filho mais velho tem 23 anos e é deficiente mental.

Questionado sobre o que faria se voltasse aos 24 anos e tivesse de escolher entre casar ou assumir sua orientação sexual, Xiyadie diz que mudaria pouco. “Acho que fugiria dos meus pais. Voaria para longe para viver a minha vida. Não cederia a eles, mas também não contaria a verdade sobre mim”.


Fonte: G 1

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