Aqui no
Brasil, onde o regime político, diz-se democrático, qualquer um que criticar o
governo, seja que governo for, será visto com maus olhos pelos seus membros e
por isso, de alguma forma, vai sofrer perseguição. É o preço que se paga por
falar o que se quer. E quando se passa da crítica à ação, a reação é violenta,
como se viu no episódio, bem lembrado pelo jornalista Edson Borges, dos
estudantes que foram às ruas protestar contra o aumento das passagens de
ônibus, e foram perseguidos e presos pela polícia. E olha que a manifestação
era pacífica.
A cubana
poderia ter chegado, assistido ao documentário e ir embora sem que a sua
presença fosse muito notada, apesar de ter atraído para a cidade profissionais
da imprensa do mundo inteiro. Mas, com sempre, Feira de Santana ganhou destaque
nacional e internacional da pior maneira. Algumas dezenas de manifestantes não se
contentaram em protestar, o que é um direito garantido pela Constituição
Brasileira. Mas o fizeram de forma raivosa, violenta, desrespeitosa e mal
educada. Nenhum traço de civilidade.
A
manifestação tomou contornos de baderna, com xingamentos e até tentativas de
agressões físicas, não apenas à cubana, como também a profissionais da imprensa
que cobriam o evento. Não se respeitou sequer a presença do senador da
república, o petista Eduardo Suplicy. A cubana disse que achou bonita a manifestação,
porque gostaria que tivesse o mesmo direito no seu país. Mas também se disse
assustada pela forma raivosa como foi tratada. “Em alguns se via claramente as
veias ressaltadas no pescoço”, comentou ela no seu blog.
A cubana
chegou, deu entrevistas, participou de debates em outros espaços, foi a
Brasília e vai continuar sua turnê pelo mundo, cujo destino final é os Estados
Unidos. E aqui ficamos nós, ainda tentando entender o que aconteceu. Porque os
manifestantes emitiram uma “nota oficial” a título de “esclarecimento”, que não
esclarece nada. Pelo contrário, turva ainda mais as águas, distorce a verdade e
muda o foco do assunto, numa vã tentativa de confundir a opinião pública, que
viu tudo pela TV, jornais, rádios e redes sociais.
A tal nota
é assinada por movimentos desconhecidos ou pouco conhecidos. Curiosamente, um
deles se autodenomina “Ocupação Chico Pinto”. Para quem não sabe, Chico Pinto
foi o político feirense que mais se destacou nacionalmente, preso e torturado
pelo regime militar, por defender as liberdades democráticas de ir e vir e de
expressão de pensamento.
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