Há poucos dias, correu uma história
pelo interior de São Paulo sobre uma possível foto de um espírito. Uma fã, num
show do cantor Daniel, tirou uma foto do mesmo e ao lado aparecia uma silhueta
de um homem com características negras.
A associação da foto com o ex-companheiro
de Daniel, o cantor João Paulo, desencarnado num acidente de carro, era o que
parecia de mais lógico.
A imprensa foi assanhada e entre
familiares e espíritas em busca de explicações não faltou entrevistas. Ninguém
conseguiu dar a explicação que a mídia queria ouvir e nem poderia. Uma
explicação coerente só poderia partir dos esotéricos que, além de espíritas são
os bandeirantes do invisível.
Os familiares não sabiam o que
dizer e os espíritas ainda vivem um trauma, muito forte, de perseguição onde um
juiz francês acabou condenando três deles á prisão. E o motivo? A "Revue Spirite" publicou em 1874 algumas
fotos de espíritos feitas por Édouard Buguet
um fotógrafo e médium de efeitos físicos.
Buguet
havia feito muitas fotografias de pessoas que já haviam morrido e isso gerou
uma forte repercussão na época.
Léon
Denis, para assegurar o desenvolvimento do Espiritismo, fundou uma sociedade
anônima e de capital variável à qual destinou os seus bens e, após sua morte,
Leymarie tornou-se administrador. Foi por iniciativa de Leymarie que os livros
de Kardec foram traduzidos para vários idiomas.
O espiritismo, na França, sempre
foi voltado para a área investigativa e isso levou Leymarie
a publicar essas fotos na "Revue Spirite".
Alguém denunciou como fraude e um
certo juiz aproveitou a situação para tirar umas “lasquinhas” nos espíritas.
Leymarie,
Buguet e o americano Alfred
Firman foram levados à corte e quando tentavam se explicar o juiz se enraivecia
ainda mais. Ele não admitia essa história de espíritos e nem mediunidade.
O juiz deixou transparecer essa a
sua aversão de tal maneira que chegou a agredir com palavras fortes e em plena
corte, a viúva de Léon Denis (Kardec), Amélie Gabrielle Boudet, por ter tentado explicá-lo sobre
espiritualidade.
O resultado não poderia ser outro.
O fotógrafo Buguet ainda tentou inocentar Leymarie redigindo um documento mostrando que o
mesmo não teve nenhuma participação nas fotografias, mas o juiz desconsiderou
sua defesa.
Os três foram condenados e Leymarie só consegui sair da prisão um ano depois e
após pagar uma pesada fiança. Esse episódio até gerou um livro com o título
“Processo dos espíritos”.
Os espíritas passaram a ser visto
como farsantes.
Em janeiro de 1884, no Rio de
janeiro, foi fundada a Federação Espírita Brasileira e se Bezerra de Menezes,
em 1889, não aceitasse o convite para presidir
essa federação, talvez ela também entrasse em decadência.
Talvez
seja por isso que alguns espíritas fogem do caráter investigativo talvez pra não
se deparar com outro “Auto de Fé de
Barcelona” ou mais um "Procès des Spirites".
Conrado Dantas
Nenhum comentário:
Postar um comentário