sábado, 16 de fevereiro de 2013

Dr. Outran Borges. Um homem à altura da grandeza de Feira


            Rui Barbosa disse que a altura de um homem se mede do nariz para cima, ou seja, a verdadeira altura de um ser humano está na grandeza da sua mente, da sua inteligência e conhecimento. Há outras medidas de grandeza de um ser humano que podem ser notadas na sua generosidade, gentileza, amor ao próximo e na força do seu espírito. Ponha tudo isso em um ser de pouco mais de 1,60m de altura e você terá o tamanho exato do Dr. Outran Borges.
            Nascido em Baixa Grande, na Chapada Diamantina, região pela qual até hoje é apaixonado, ele chegou à Feira de Santana com os pais, Gerson e Aidê Borges, mais os irmãos Wellington, Wellisson, Valdenor e Lúcia, ele com apenas três anos de idade. Aqui fez o curso primário, ginasial e segundo grau, quase sempre em escolas públicas (apenas 2 anos do ginasial no colégio Santanópolis), e passou no vestibular de Medicina da Universidade Federal da Bahia, onde se formou em 1969. Ainda estudante, vinha de Salvador para Feira de Santana para dar aulas de Química no Colégio Estadual, tendo sido professor de muitos que hoje são colegas de profissão, como o ex-prefeito Tarcízio Pimenta e também daquela que mais tarde viria a ser sua esposa, Gersonita Borges.
            Na juventude sempre foi ligado aos movimentos estudantis, com predileção pela música e poesia, participando sempre de festivais e recitais, e também tinha interesse pela política. Vivia-se o período da ditadura militar, e ele não se apresentou para servir às forças armadas, e foi obrigado a fazer depois de formado médico, servindo no hospital Geral do Exército, em Salvador. A veia artística sempre foi forte, e ele compôs diversas músicas que foram gravadas por diversos cantores, e já lançou quatro livros (O Protonauta; Cabeça de Frade; Os Quatro Caminhos do Vento; A Verdade, o Tempo e Outras Mentiras), além de ter trabalhos publicados nas antologias “Os Novos Valores da Bahia I” e “Célula Doce e Corpos Florilégio”. Também é filiado a Associação de Músicos, Arranjadores e Regentes – AMAR – e ao Movimento Poético Nacional. Participou do movimento Cultura Hera, em Feira de Santana.
            Outran Borges é Maçom e é membro da Academia Feirense de Letras (Cadeira 37). Por seu trabalho como médico pediatra por cerca de 30 anos no Município de Ipecaeta, recebeu em 1992, o título de Cidadão Ipecaetense. Em mais um reconhecimento da comunidade, o Centro de Saúde daquele município leva o seu nome. Em Feira de Santana recebeu da Câmara Municipal a Comenda Godofredo Filho, em 2001, e o Titulo de Cidadão Feirense, em 2002.

Vida profissional
            Depois que deixou o Hospital do Exército, o Dr. Outran Borges assumiu a coordenação dos ambulatórios médico dos distritos do município de Ipecaetá. Também abriu um consultório de pediatria em Feira de Santana, no largo São Francisco. Atendia ainda no Hospital Dom Pedro de Alcântara, que ele considera como a sua segunda escola de medicina. E assim ele foi tocando a sua vida profissional. Até que, deixou a coordenadoria dos ambulatórios em Ipecaetá, passando a atender apenas uma vez por semana no Hospital do Município, e passou a atender em hospitais de outros municípios vizinhos, o que ainda faz até os dias de hoje. Era médico do Detran e da Prefeitura Municipal de Feira de Santana.
            Em 1995 foi nomeado diretor do Hospital Colônia Lopes Rodrigues (HCLR), numa época em que a visão sobre o tratamento dos pacientes deficientes mentais estava mudando, e os chamados hospícios, estavam deixando de ser “depósitos de doidos”, e os pacientes passavam a ser tratados de forma mais humanizada. Quando José Ronaldo de Carvalho assumiu pela primeira vez a Prefeitura Municipal, em 2001, convidou o Dr. Outran Borges para ser o secretário municipal de Saúde.
            Ele considerou a idéia de aceitar o convite, embora entendesse que fazia um bom trabalho no HCLR onde foi, inclusive, o construtor das Residências Terapêuticas, um projeto do Ministério da Saúde para abrigar pacientes mentais capazes de gerir suas próprias vidas, sob a coordenação de um cuidador especializado. O que pesou na decisão do Dr. Outran Borges foram os inúmeros pedidos de funcionários para que ele não abandonasse o HCLR. Viam nele não apenas o gestor competente, mas alguém que se preocupava com o bem estar de todos, pacientes e funcionários, agindo algumas vezes mais com o coração do que com a razão. Assim, ele permaneceu por oito anos na direção do  HCLR, só deixando o cargo quando Jaques Wagner foi eleito governador.
Santa Casa
            Dr. Outran Borges continuou prestando atendimento médico nos municípios com os quais tinha contato, e até ampliou o seu leque de atendimento para regiões mais longínquas, como os municípios de Tamburi e Iramaia, entre outros da Chapada Diamantina. Neste meio tempo, aposentou-se como médico do estado e da Prefeitura Municipal de Feira de Santana.
            No início do segundo mandato de José Ronaldo de Carvalho como prefeito, a Santa Casa de Misericórdia enfrentava uma das suas piores crises administrativa/financeira, sendo o que o Hospital Dom Pedro de Alcântara (HDPA), mantido pela Santa Casa, estava para fechar as suas portas. Por determinação judicial, o prefeito, que já ocupara anteriormente o cargo de provedor da Santa Casa, foi nomeado interventor da instituição.
            Após um breve período em que desenvolveu campanhas para evitar que o HDPA fechasse as portas, o interventor convocou eleições para a mesa diretiva e solicitou ao Dr. Outran Borges que formasse uma chapa encabeçada por ele para concorrer, pois ele, Ronaldo, teria que voltar a dedicar seu tempo integralmente à Prefeitura. Assim foi feito e a chapa do Dr. Outran concorreu sozinha, sem adversários, e ele se tornou provedor da Santa Casa. O bom filho voltava à sua antiga casa.
            O cargo, não remunerado, poderia ser um presente de reconhecimento pelos serviços prestados, mas, na verdade, era um grande desafio. A Santa Casa estava mergulhada numa dívida de cerca de R$ 8 milhões e os funcionários do HDPA estavam com dez meses de salários atrasados. Faltava material para o trabalho e a instituição não tinha crédito na praça. Logo surgiram especulações de que seria necessário vender parte do patrimônio para salvar a instituição e o HDPA. Mas não foi assim.
            O principal patrimônio disponível da Santa Casa, o terreno conhecido como Campo do São Paulo, foi arrendado a um grupo empresarial e as dívidas foram negociadas para pagamento parcelados com a renda obtida através do arrendamento. De lá pra cá a história é bem conhecida. A Santa Casa vive na corda bamba, gastando o que arrecada. Mas os funcionários estão com seus salários em dia e o HDPA começa a se transformar num hospital de Alta Complexidade, já tendo um centro cardiológico que dispõe de equipamentos de ponta, inclusive realizando cirurgias cardíacas, e a Unidade de Alta Complexidade em Oncologia, (Unacom) realiza tratamentos em pessoas com câncer através de quimioterapia e até radioterapia. O Cemitério Piedade, também mantido pela Santa Casa, é hoje um dos melhores da cidade.

Missão cumprida?
            Aos 64 anos, mais de 40 de trabalho, após oito anos à frente da Santa Casa de Misericórdia, e por tudo que já fez como médico, artista ou simples cidadão feirense, se poderia dizer que sim. Embora muita gente entenda que ele ainda pode dar muito pela cidade que o acolheu e adotou como filho. O trabalho à frente da Santa Casa poderia ser até prazeroso, porque o Dr. Outran gosta do que faz. Mas é uma atividade que lhe traz muitos problemas, o que gera problemas de saúde e até familiares.
            Por isso, ele afirma que ao se encerrar o seu quarto mandato, no final deste ano, ele deixará a provedoria e não mais concorrerá a nenhum cargo na Mesa Diretiva da Santa Casa. “Vou continuar atendendo aos meus pacientes dos postos de saúde de alguns municípios, porque não suportaria ficar sem trabalhar. Mas chega de estresse. Vou passar mais tempo na roça”, diz ele.
            Os filhos, Outran Júnior (médico), Giordano Bruno (farmacêutico) e Thaís (psicóloga) já são adultos e trabalham, e apenas alguns laços de amizade e familiares (irmãos e mãe) ainda o prendem aqui. Por isso todos os seus amigos acham que, mesmo que ele deixe a cidade, será para morar em alguma cidade pequena, tranquila, e bem próxima daqui, porque a paixão da sua vida sempre foi e sempre será Feira de Santana.

2 comentários:

Antonio Carlos Gomes disse...

Outran Borges é um gênio e eu o conheço há mais de 50 anos.
grande abraço
Luiz Ademir Souza, escritor

Mais de um milhão e meio de livros vendidos no Brasil e seis milhões no exterior
Luiz Ademir 45 anos de literatura
Artista visual e escritor da resistência, autor do best-seller ´Maristela´, 15ª. ed. romance com prefácio de Jorge Amado e capa Calasans Neto

PETER HAUSE, escritor*
O mundo se tornou pequeno para Luiz Ademir – do Brasil à Europa, para ele, é um pulo. Vende mais livros no exterior do que em sua terra Brasil. A Alemanha já o adotou – como filho que sabe enfrentar todas as intempéries... Recém-chegado da Europa, prepara-se para grandes eventos em todo o País, com uma forte e extensa programação de lançamentos e palestras. Agora 2015 é o ano de Luiz Ademir Souza e da ´Irmandade da Santa Nua´, sua obra literária hoje mais polêmica, para rádio, internet, TV e cinema.
Os romances de sua autoria ´Serafim...´, ´Maristela´, prefaciado por Jorge Amado e ilustrações de Calasans Neto, Carlos Bastos e Graça Ramos, ´A Prostituta Virgem´, com abas de Sérgio Mattos, capa de Vivaldo Lima, Mário Cravo e Geraldo Santana, ´Defuntos-Carnavais´ com introdução do italiano Giuseppe Brazzi e o feirense Christo Planzo, e os livros de poesia ´Cinco Poetas Contemporâneos´ com prefácio de Jorge Calmon e Germano Machado, ´Mombaça´, apresentado pelo historiador Geraldo Coni , Remy de Souza, Cesar Montes, Mabel Velloso, Utamá Sebastião, Jorge Lindasy, Jair Mendonça e Dina Gleyser, ´Em Carne-Viva´, com apresentação de José Barreto, Pedro Formigli e Jolivaldo Freitas, e orelhas de Vera Mattos, Luiz Amorim, Franklin Machado e João Gouveia, prepararam Luiz Ademir para nova fase internacional com o lançamento das edições bilingues ´O Estranho Amor da Senhora Calls´ ficção e realismo crítico, festejado acontecimento na Feira do Livro de Frankfurt, o grande destaque do Ano do Brasil na Alemanha em 94, ´Psicose de um Futuro Secretário de Estado´, ambos de ficção, com desenhos de Robério Cordeiro, Ayrson Heráclito, Violante e Guache, e ainda ´A Irmandade da Santa Nua´, cinema/teatro/televisão e internet, e o vitorioso `Reminiscência dos Mártires´, prêmio Ibero- Madri 2005), capa de Graça Ramos, Fátima Tosca e Marepe. Seu livro ´Maristela´ já foi apresentado à Globo para seriado especial.

[email protected] PARTE I

Antonio Carlos Gomes disse...

Mais de um milhão e meio de livros vendidos no Brasil e seis milhões no exterior
Luiz Ademir 45 anos de literatura
Artista visual e escritor da resistência, autor do best-seller ´Maristela´, 15ª. ed. romance com prefácio de Jorge Amado e capa Calasans Neto

PETER HAUSE, escritor*



II PARTE [email protected] EDIÇÕES CONTEMP Caixa Postal 2826
CEP 40 080-970 - Salvador-Ba

Mais de um milhão e meio de livros vendidos no Brasil e seis milhões no exterior
Luiz Ademir 45 anos de literatura
Artista visual e escritor da resistência, autor do best-seller ´Maristela´, 15ª. ed. romance com prefácio de Jorge Amado e capa Calasans Neto

PETER HAUSE, escritor*

´Maristela´ é a sua obra mais premiada, agora em 15ª. edição, e ´A Prostituta Virgem´, romance ´veloz´, não-só pela temática interessante, mostra Feira de Santana e sua gente inteiras, cidade reverenciada como a Capital do Sertão, ao tempo em que acentua a importância do município para toda a Bahia, como pólo comercial e de negócios, enaltecendo assim o seu povo com muita atenção social, mesmo quando ´frisa´ e ilumina críticas diante dos crimes da região. E antecipando as comemorações dos 45 anos de literatura do escritor Luiz Ademir, o jornalista alemão Aosuba, J. Limerfann acrescenta que “...não só simboliza resistência, Luiz Ademir é um escritor atrevido, resistente – nunca mamou nas tetas dos governos. Sua obra trata de coragem e destemor, crimes, contravenções e histórias de amor. Seu romance é de verdade e trata também do recôncavo e do sertão da Bahia, no Brasil. Sua poesia é visceral ´de bala e pólvora, de corpo e veneno, de amor e da esperança que vem do fogo...´ e/ou simplesmente ´As folhas caem, as folhas caem, caem as folhas.´

E é esse o grande escritor e melhor poeta contemporâneo das Américas!´. Premiado pela Prefeitura de Salvador e pelo Lions na década de 70 e recentemente Prêmio Ibero-Americano de Literatura (Espanha 2005). Luiz Ademir é um tempo novo que a Bahia reverencia e acolhe. O Prêmio Luiz Ademir 2014 está na 28ª. edição.

Conceição do Almeida, Muritiba, Vitória da Conquista, Feira de Santana e Salvador, municípios que lhe traçam os caminhos da carreira e reforçam as suas trilhas de batalha. Formado em Belas Artes em 1975 (Ufba), foi aluno de Juarez Paraíso, Graça Ramos, Petrô, Ivo Vellame, Possi Neto, Carlos Eduardo da Rocha, Pierre Close, Maria Helena Flexor, Hansen Bahia, Germano Machado, Carlos Sampaio, Arlindo Pitombo, Alberto Fiuza, Ceres Pisane, Onias Camardelli, Riolan Coutinho, Nildeia Andrade, Eunice Bahia e Marina Neves, entre outros grandes nomes. Doutor em Comunicação (Espanha) e PhD em Antropologia Urbana e em Artes Visuais, ambos em Paris, Luiz Admir Souza, 63, participou da implantação da UNEB, TV Educativa da Bahia e da Faculdade Dois de Julho. Primeiro reitor pró-tempore da Universidade do Recôncavo, professor da UCSal, titular de Artes-Educação e Comunicação por mais de 30 anos.