Livre!
Nascida como a brisa. Assim se pode definir uma mulher, feirense da gema, que
desde cedo tomou as rédeas da sua vida nas mãos e partiu a galope vencendo
todos os tabus e preconceitos da sua época, para se tornar numa pessoa bem
sucedida e bem resolvida. Ativista da política estudantil, professora,
enfermeira, orientadora sexual para a adolescência, e empresária de perfumaria.
Uma filha, duas netas, e ainda ostentando no rosto a beleza da jovem que
povoava as fantasias dos colegas de escola. Junte-se a tudo isso, sinceridade e
generosidade. Esta é Ozana Barreto.
Formada inicialmente em
Pedagogia, Ozana enveredou ainda pelos caminhos da Sociologia e acabou por se
formar em Enfermagem. Depois fez curso de saúde pública, com especialização em
adolescência, na USP. E Educação Sexual no Centro de Sexologia de Brasília (CESEX),
e depois em Cuba, no Centro Latino-Americano que era o centro mais avançado de
educação sexual, onde fez pós-graduação. “Eu lecionei em colégio público, no
João Marinho Falcão, foi meu primeiro emprego”, lembra.
“Quando surgiu a UEFS, eu fiz Ciências
Sociais até o 5º ou 6º semestre. Mas não me identifiquei e fui fazer Enfermagem,
e achei também que não estava identificada. Mas, fui para Salvador, terminei o
curso na Católica, me formei em 82. Logo no estágio vi que não era minha praia.
Eu gostava da área de saúde, mas de prevenção, com área curativa eu não me
identificava, eu sempre entendi que trabalhar com prevenção era mais
importante, porque você estava fazendo um trabalho melhor prevenindo do que
você atuar quando o fato já tivesse ocorrido. E aí eu fui pra saúde pública, e
começa a minha história profissional”, conta Ozana.
“Fui trabalhar na Promédica,
onde eu fazia o controle de qualidade, media o grau de satisfação do paciente e
seus familiares, um trabalho inédito, pioneiro, que o Dr. Jorge Valente, que
era o dono da Promédica, instalou no hospital Jorge Valente. Mas eu fiz curso
de saúde pública e sou graduada em adolescência. Na época havia muita gravidez
na adolescência, e ninguém tinha jeito a dar, não se sabia como fazer. Já tinha
métodos contraceptivos, anticoncepcional, camisinha, tinha tudo, mas, as
meninas continuavam engravidando, e continuam até hoje”, diz ela.
“Eu ainda fiz um curso de
planejamento familiar onde abordava sexualidade. Eu fiz no Centro de Sexologia
de Brasília (CESEX), e depois fui a CUBA, para o Centro Latino-Americano, que
era o centro mais avançado de educação sexual, onde fiz pós-graduação. Aí a
imprensa me denominou de sexóloga. Mas não existe isso. Sexologia é a ciência que estuda os
problemas concernentes à sexualidade. Trata-se de uma área de atuação
multidisciplinar que abrange a Psicologia, a Medicina, Antropologia e
Sociologia. O sexólogo é o profissional que cuida da área comportamental em
relação ao sexo”, explica.
Política
e família
Ativista da política estudantil
nos anos 70, Ozana estudava no Ginásio Municipal, numa época em que todo
colégio público se posicionava politicamente. “Eu participei daquelas
passeatas, na época em que acabaram com os grêmios estudantis, que passaram a
ser Centro Cívico. Eu me infiltrei para participar, porque Centro Cívico foi o
nome que a ditadura deu com preconceito, porque as grandes lideranças vinham
dos grêmios. Eles entendiam que grêmio era lugar de comunista, de ditadores, de
pessoa oposicionista, pessoas assim que eles não queriam. Mas a gente estudava,
a gente lia, a gente pensava. Éramos exatamente como eles não queriam que
fossemos”.
Os Centros Cívicos eram controlados pelas
diretorias dos colégios. O presidente era escolhido pelo diretor do colégio, não
existia mais eleição, de estudantes. Mas eu fiz parte do Centro Cívico do Municipal,
que tinha uma característica que, por ser público, mesmo a gente vivendo
naquele momento a ditadura, tinha um grupo ativo, que agia, fazia acontecer.
Cheguei a ser cogitada para ser candidata a vereadora”, lembra.
A família de Ozana Barreto
sempre foi muito politizada, embora não tivesse gerado políticos. O pai,
Agnaldo Barreto, era músico, professor de música e foi maestro da filarmônica
Vitória. A mãe, Josefa Machado, era professora de colégio público. Os filhos,
quatro homens e quatro mulheres, embora alguns tivessem ensaiado e alguns até
buscado um mandato eletivo, nunca lograram êxito.
A
empresária
A vida empresarial de Ozana
Barreto começou em 1983 por acaso, sem nenhum planejamento. “Eu ganhei um presente
de aniversário de minha comadre, um perfume chamado Acqua Fresca e umas gotinha de
um óleo de passar no corpo. Eu me encantei, liguei no outro dia agradecendo o
presente e perguntei que marca era e onde encontrou.Tinha uma loja no Barra
Center e uma loja no Iguatemi em Salvador. E eu fui lá no Barra Center conhecer,
e conversei com a dona e me interessei”.
“O Boticário já tinha perfumes, cremes,
desodorantes, mas não tinha o que tem hoje, estava ainda no início e Acqua
Fresca era o carro chefe da empresa, que é de Curitiba, genuinamente
brasileira. E hoje são 3.700 lojas no Brasil. Patrick e Astride eram os donos
de Salvador, ele é inglês e ela alemã, e eu me comuniquei com eles por telefone
e me dirigi à loja deles no Iguatemi. Conversei com eles, disse que tinha interesse
em abrir uma loja O Boticário em Feira de Santana, e em três 3 meses a loja já estava
aberta, na Galeria Carmac, eu tendo eles dois como sócios”, conta ela.
“No primeiro ano nós fechamos em
vermelho, e eles disseram que não tinham interesse em continuar. E eles foram
muito legais comigo e facilitaram tudo para que eu ficasse com a loja. Mas eu já
estava em Salvador, começando a ascender profissionalmente, e minha irmã Suzana,
que era gerente da loja, passou a ser minha sócia. Nós abrimos mais lojas, no
Arnold Silva, Feira Shopping, Praça da Bandeira, Getúlio Vargas, Senhor dos Passos.
Hoje temos 10 lojas em Feira. Eu e minha irmã já não somos sócias a mais de 12
anos, mas ela ficou com as lojas de Alagoinhas, São Gonçalo e Inhambupe . Eu
permaneci em Feira”.
Ozana Barreto foi a segunda
presidente da Associação de Lojistas do Shopping Iguatemi (hoje Boulevard). “A gente
que tá na chuva é pra se molhar. É igual a prédio, onde todo mundo odeia ser
síndico e ir pra reunião de condomínio. Mas se você mora no prédio, vai deixar
ele cair em sua cabeça? Vai ser omisso? Mas já estou perto de aposentar da
minha profissão, que continuo exercendo em Salvador, minha filha, Lua, já está
com 29 anos, e tem duas meninas, eu tenho duas netas. Ela já está morando em
Feira e se preparando para me substituir na empresa”, revela Ozana.
Trabalho
Social
Entrei como amiga da creche, que
tem 190 crianças de 2 a 6 anos, como madrinha, como parceira. Ela é focada para
mães que trabalham fora, e que não tem como deixar seus filhos. É um trabalho
muito bonito, que em Feira de Santana, quem não conhece deve conhecer aquele
lugar, lá nas Baraúnas. Fizemos uma reforma geral na creche, construímos um
auditório, e estamos arrumando parceiros, porque também agora estou com outro
objetivo, que é envolver outras pessoas, porque todos nós somos responsáveis
por tudo que tá acontecendo nessa cidade, tudo de bom ou de ruim. Não adianta
dizer que é o prefeito, que é o governador, o poder público que tem que fazer.
Não! O governo tem que fazer a parte dele, mas a sociedade também é
responsável”. afirma.
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