Fiquei
feliz esta semana ao saber que o cantor Djalma Ferreira está com um show
montado com base na obra de Emílio Santiago, que deverá percorrer cerca de dez
cidades do interior baiano e, inclusive, será lançado um DVD. Como dizem os
jovens: “Demorô”. Djalma não era mais para estar em Feira de Santana catando as
migalhas que sobram das atrações que trazem de fora para animar as nossas
festas locais. Mas é o que acontece, não só com ele, mas com muitos talentosos
artistas desta terra.
Djalma encarna a figura do artista
feirense. Se ganhar alguma projeção aqui e não for logo embora, vai ficar
marcando passo pelo resto da vida. Porque esta cidade dá a régua e o compasso,
mas o artista tem que traçar sua rota para bem longe daqui. E ainda que ele
ganhe projeção nacional, ou até mesmo internacional, salvo raríssimas exceções,
quando voltar aqui vão querer tratá-lo como um artista doméstico e pagar cachês
ridículos (quando não querem de graça) para que ele mostre a sua arte.
É claro que existem aqueles que
tiveram muitas oportunidades e não souberam aproveitar, e outros tantos que
depois de galgar algum sucesso por aqui, se acomodaram e não ultrapassaram
nenhuma fronteira. Há ainda os indecisos, que não tiveram coragem de largar o
trabalho que lhes permitia sobreviver, para investirem em si mesmos e se
aventurar pelo perigoso e incerto caminho da arte, Mas há os que venceram.
Alguns nem tão talentosos assim, mas que souberam aproveitar as oportunidades e
se agarraram a elas com unhas e dentes e hoje vivem, e bem, das suas artes.
Em contrapartida a esse quadro,
vemos artistas que chegam a esta terra de todos os recantos do país, ilustres
desconhecidos, e aqui são recebidos com festas, pompas e foguetório,
principalmente por grande parte da imprensa, que em geral é deslumbrada ou
gananciosa, e seus representantes ficam a orbitar o astro à espera de
oportunidade para, quem sabe, ganhar algum brilho.
Eu não me refiro nesse caso àqueles
que chegam e aqui se estabelecem buscando oportunidades. Estes, em geral,
acabam por adotar Feira de Santana como uma segunda terra natal, e correm os
mesmos riscos que os nativos. Se perderem muito tempo aqui, dificilmente
alcançarão a fama e o sucesso. Eu tenho um exemplo bem pertinho de mim. O
forrozeiro Del Feliz é primo distante de Maura, a quem ele chama de tia. Passou
dez anos em Feira de Santana e só conheceu a fama quando foi para Salvador e de
lá para o mundo (está indo pela terceira vez a Nova York). E talento ele tem de
sobra.
Atualmente eu tenho feito assessoria
para um forrozeiro emergente, Lucien Júnior. Muito bom artista. E já disse que
ele tem que sair daqui. Já está pronto, maduro, se demorar vai murchar e sumir
como vi acontecer com tantos outros. Ele tem que fazer como a sambista
Marizélia, que já está com um pé no Rio de Janeiro. O caminho é este, porque,
como sempre digo, nestes casos, Feira é uma péssima mãe e ótima madrasta.
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