Djalma encarna a figura do artista
feirense. Se ganhar alguma projeção aqui e não for logo embora, vai ficar
marcando passo pelo resto da vida. Porque esta cidade dá a régua e o compasso,
mas o artista tem que traçar sua rota para bem longe daqui. E ainda que ele
ganhe projeção nacional, ou até mesmo internacional, salvo raríssimas exceções,
quando voltar aqui vão querer tratá-lo como um artista doméstico e pagar cachês
ridículos (quando não querem de graça) para que ele mostre a sua arte.
É claro que existem aqueles que
tiveram muitas oportunidades e não souberam aproveitar, e outros tantos que
depois de galgar algum sucesso por aqui, se acomodaram e não ultrapassaram
nenhuma fronteira. Há ainda os indecisos, que não tiveram coragem de largar o
trabalho que lhes permitia sobreviver, para investirem em si mesmos e se
aventurar pelo perigoso e incerto caminho da arte, Mas há os que venceram.
Alguns nem tão talentosos assim, mas que souberam aproveitar as oportunidades e
se agarraram a elas com unhas e dentes e hoje vivem, e bem, das suas artes.
Em contrapartida a esse quadro,
vemos artistas que chegam a esta terra de todos os recantos do país, ilustres
desconhecidos, e aqui são recebidos com festas, pompas e foguetório,
principalmente por grande parte da imprensa, que em geral é deslumbrada ou
gananciosa, e seus representantes ficam a orbitar o astro à espera de
oportunidade para, quem sabe, ganhar algum brilho.
Eu não me refiro nesse caso àqueles
que chegam e aqui se estabelecem buscando oportunidades. Estes, em geral,
acabam por adotar Feira de Santana como uma segunda terra natal, e correm os
mesmos riscos que os nativos. Se perderem muito tempo aqui, dificilmente
alcançarão a fama e o sucesso. Eu tenho um exemplo bem pertinho de mim. O
forrozeiro Del Feliz é primo distante de Maura, a quem ele chama de tia. Passou
dez anos em Feira de Santana e só conheceu a fama quando foi para Salvador e de
lá para o mundo (está indo pela terceira vez a Nova York). E talento ele tem de
sobra.
Atualmente eu tenho feito assessoria
para um forrozeiro emergente, Lucien Júnior. Muito bom artista. E já disse que
ele tem que sair daqui. Já está pronto, maduro, se demorar vai murchar e sumir
como vi acontecer com tantos outros. Ele tem que fazer como a sambista
Marizélia, que já está com um pé no Rio de Janeiro. O caminho é este, porque,
como sempre digo, nestes casos, Feira é uma péssima mãe e ótima madrasta.
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