Este
ano a cachaça tem muito que comemorar, pois agora deixou de ser “rum” e ganhou
status de produto gourmet nos Estados Unidos da América, medida que era
aguardada há pelo menos 40 anos. E também ganhou destaque em eventos como
o Festival de Gastronomia Madrid Fusión, ou seja, 2013 é o ano dela: “a
brasileiríssima cachaça”! Ela está entre as três bebidas destiladas mais
consumidas no mundo. A Bahia também possui cadeia produtiva bastante
solidificada.
A cada segundo os brasileiros tomam
em media 618 doses de cachaça, e por ano 1,1 litros per capita. É conhecida
como pinga, branquinha, marvada e mais de dois mil nomes (é a palavra com mais
sinônimos na lingua portuguesa e talvez em qualquer outra língua). Não importa
o apelido, a cachaça é tradição no Brasil, que consome 99% de sua produção. Não
à toa, esse mercado movimenta R$ 7 bilhões por ano — incluindo a produção da
bebida, fornecimento de insumos e a comercialização. Possui
capacidade para produzir 1,2 bilhões de lts por ano, gera 450 mil empregos
diretos, o setor cresce 18% ao ano e representa grande parcela para o
agronegócio.

Devido ao seu baixo valor e
associação às classes mais baixas (primeiro os escravos e depois os pobres e
miseráveis), a cachaça sempre deteve uma áurea marginal. Contudo, nas últimas
décadas, seu reconhecimento internacional tem contribuído para diluir o índice
de rejeição dos próprios brasileiros, alçando um status de bebida chique e
requintada, merecedora dos mais exigentes paladares.
História
da cachaça
Os
portugueses tinham conhecido a cana de açúcar durante suas viagens à Ásia e não
tardaram em levar algumas mudas para a ilha da Madeira, para, mais adiante,
levar a cana para novas terras descobertas no Ocidente. Rapidamente a cana de
açúcar se tornou para os países europeus um dos negócios mais lucrativos em
terras americanas, dada a crescente demanda por este produto no Velho Mundo
para usos gastronômicos.

Nos
engenhos onde se obtinha o açúcar, o caldo da cana era depurado em uma enorme
caldeira em fogo brando. A espuma formada pelos resíduos da planta era usada
como alimento para os animais. Era a cachaça.
Só
a partir do século XVI, a cachaça, da mesma forma que se fazia com os restos da
fermentação do suco da uva, começou a ser destilada com a ajuda de um
alambique.
Seu primeiro nome foi aguardente de cana e ela era
dada aos escravos junto com a primeira refeição do dia para que pudessem
suportar melhor o trabalho nos canaviais.
Com o passar do tempo, o processo para a obtenção
deste aguardente foi melhorando, assim como sua qualidade.
O motivo da proibição, logicamente
era a concorrência com a Bagaceira. A bebida já era muito apreciada e servia
também para abrandar o frio, sobretudo nas baixas temperaturas como as da Serra
do Espinhaço, em Minas Gerais, onde uma grande população se aglomerou em busca
de ouro. Em 1756, não tendo tido êxito, na proibição da
fabricação e muito menos do consumo, o Rei de Portugal resolveu taxar a nova
bebida. A aguardente de cana-de-açúcar foi, nessa época, um dos produtos
brasileiros que mais contribuíram com impostos. Esses recursos foram
fundamentais para a reconstrução de Lisboa, abalada por um violento terremoto
no ano anterior.
A
Aguardente brasileira foi assim, um símbolo de resistência à dominação
portuguesa e esteve presente na mesa dos Inconfidentes.

A
cachaça ainda hoje enfrenta algum preconceito, mas hoje bem menos do que antes.
Atualmente, várias destilarias, em todo o país, produzem cachaças de excelente
qualidade. São centenas, talvez milhares de marcas. Minas, Ceará e Pernambuco,
possuem juntos mais de mil marcas. Muitas com controle de qualidade e
embalagens dignas do melhor uísque. Tal empenho dos fabricantes, conquistou o
público feminino, abriu o comércio internacional e a nossa cachaça ganhou o
mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário