
Fosse só por isto ele seria apenas um ministro ruim, mas sua
situação é muito pior. O Ministro teve a coragem de mentir diante de
todo Brasil, no momento em que o país vive esta crise de segurança. Ele
negou ajuda ao governo de Roraima para controle do sistema prisional. A
governadora pediu. Ministro disse não. A governadora disse que enviou
um ofício pedindo ajuda. O Ministro disse que ela pediu ajuda apenas
sobre segurança pública e não sobre os presídios. A governadora mostrou a
cópia do ofício.
O ofício foi enviado em 21 de novembro, pela governadora de
Roraima, Suely Campos, em caráter de urgência, solicitando "apoio do
Governo Federal, bem como da Força Nacional" para os presídios do
estado. Ela alegou ainda "grande clima de tensão", e solicitou 180
pistolas para o sistema penitenciário, "que se encontra deficitário".
Moraes negou a solicitação. "Apesar do reconhecimento da
importância do pedido de Vossa Excelência, infelizmente, por ora, não
poderemos atender ao seu pleito", escreveu o ministro em resposta.
O ministro da Justiça mentiu. Um ministro de governo não deve
mentir ao cidadão. O ministro da Justiça, mais que qualquer outro, não
pode mentir. Um ministro da Justiça que mente aos brasileiros não pode
mais ser ministro.
A sua cabeça tem de rolar.
Imprescindível
De todas as emoções, talvez, a mais necessária seja a sensação de
que algo, ou alguém, nos é imprescindível. Do que, feito especiaria,
sentença escrita em pergaminho, nos seja essencial, do que não se desfaz
mesmo exposto aos ventos das erosões milenares, ao açoite do
desimportante, da fragilidade, e da banalidade, que teima em diluir, em
esgarçar, as permanências.
A absoluta necessidade de um amigo que reme a mesma nau dos
insensatos; que proclame heresias, se necessário, em sua defesa; que lhe
exija estar à altura. Ou a absoluta necessidade de um amor
insubstituível - não destes seriais que repetimos boca em boca, na
carne, a cada partida do anterior- como se seu nome pudesse ser dito em
vão, e não fosse um palavrão obsceno e condenável a ser inscrito num
ritual de martírio e gozo, como quem vai erigir um monumento
irrepetível, sem lápide, ou exílio; um amor cujas juras são altares,
cujos louvores são cantos sagrados, cujas comunhões são abalos sísmicos,
cuja partida, que a vida é arrebatamento, glória e miséria, é amputação
indelével.
É precisão que uma lealdade, um princípio, um valor, uma crença,
uma escolha, seja como o fio das três deusas que tecem o destino, como
aceiro que nos baliza, e da qual, nada, nem a morte, nem a alma, nem a
salvação, nem as dores das condenações, nos apartará.
Em tempos de rasura, sou apenas falta.
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