O problema com a água não é novidade.
Desde os anos 1990, Carlinhos Brown perguntava Bahia afora,
se todo mundo tinha bebido o líquido fundamental para nossa existência. Mas,
infelizmente, a questão é muito mais complicada do que simplesmente olhar para
água mineral. Nossos recursos potáveis estão acabando – a
ONU estima que, em menos de 15 anos, metade do planeta terá de enfrentar
racionamentos. E um grupo de pesquisadores americanos e chineses está tentando
reverter (em pequena escala) esse quadro, usando um pedaço de plástico, outro
de papel coberto de carbono, e um punhado de água suja.
O projeto
das universidades de Buffalo (em Nova York) e Fudan (em Shangai) parte de um
preceito que já é utilizado por diversos manuais de sobrevivência: evaporar a
água ajuda a mantê-la limpa.
Conforme o líquido se torna gasoso,
tanto o sal da água do mar, quanto as bactérias que porventura estejam
presentes nele, não conseguem acompanhá-lo. Dessa forma, ao sublimar e se
tornar novamente líquido, a amostra de água está aceitável para
consumo. Atualmente, a maioria dos equipamentos utilizados para evaporar a
água se utilizam de eletricidade ou gás. Quando isso não está disponível, costuma-se
recorrer para espelhos que façam focos de luz para esquentar o líquido (o que
costuma encarecer os produtos para a casa das centenas de reais), ou
simplesmente contar com apenas o Sol (que pode não atingir a temperatura
necessária). O grande diferencial do projeto é a utilização de um pedaço de
papel preto.
A cor do material não é por acaso. Ele
se deve ao carbono que reveste o papel e faz com que a ótica trabalhe a seu
favor. A cor preta absorve mais luz e, consequentemente, mais calor. Isso,
unido à capacidade do papel de absorver água, ajuda o equipamento a separar
pequenas quantidades de água e evaporá-las de maneira mais rápida. A estrutura
transparente permite que a luz entre na invenção e retém o vapor ali dentro –
que por sua vez passa para uma bolsa separada, via uma mangueira acoplada.
Logo, toda a água que aparecer na sacolinha presa à mangueira, está limpa.
“Usando materiais extremamente baratos,
conseguimos criar um sistema que utiliza o praticamente o máximo de energia
solar durante a evaporação. Ao mesmo tempo, minimizamos a quantidade de calor
perdido durante o processo”, afirmou em comunicado Qiaoqiang Gan, engenheiro
elétrico da Universidade e responsável pelo projeto.
A invenção consegue filtrar até 10
litros de água por dia (o dobro da capacidade de equipamentos semelhantes que
já estão no mercado), e tem como objetivo auxiliar quem tem dificuldade em ter
acesso ao liquido potável. “O projeto que estamos desenvolvendo seria ideal
para pequenas comunidades, permitindo as pessoas a gerar sua própria água, da
mesma forma que se forma energia solar por meio de painéis nos tetos de casas”,
afirma Zhejun Liu, estudante da universidade chinesa de Fudan e co-autora da
pesquisa. (Super Interessante)
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