
Acontece que Temer é réu no TSE e será julgado por Gilmar. A
viagem é legal, o ministro pode afirmar que isso não influência seu
julgamento, mas com certeza não soa bem. Em verdade soa de forma
indecente, pois um ministro não deveria viajar de forma privativa com
alguém que irá julgar. A liás, a desenvoltura como comentarista, uma
indescritível vontade de aparecer na mídia, e pouco apego a liturgia do
cargo, faz de nossa corte um caso particular. Tal intimidade seria
inimaginável nos EUA.
Lá chegando, GIlmar, não foi ao funeral- pretexto oficial- e
também não voltou com Temer, preferindo esticar férias. Foi divulgado
por sua assessoria que o ministro Gilmar, por ter labirintite, não foi
ao velório. Soa estranho que o ministro apesar de não poder comparecer
ao enterro, por estar mal- uma deselegância, no minímo, se não fosse a
doença- estava bem para permanecer de férias.
Faz mal a Justiça, que já vive cambaleando das pernas, e aos
tribunais superiores, este episódio Gilmar/Temer. Todos os pastéis de
nata de Portugal, as cabeças de bacalhau, e as caravelas de Cabral,
entendem que ambos foram conversar sobre o futuro do Presidente Temer. O
desenrolar- se favorável ou não-, não sabemos. Teoricamente o
afastamento poderia sugerir que a conversa não foi boa para Temer, mas
pode ser, também, apenas, jogo de cena, de quem foi capaz de aceitar um
convite destes.
Evidente que não se pode acusar Gilmar Mendes de nada, mas como
diz a sabedoria milenar, não basta ser honesto, tem de parecer honesto.
Não ficou bem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário