Feira de Santana conta com oito emissoras de rádio e dentre elas apenas uma de Onda Média ou Amplitude Modulada a Subaé. As demais operam em Frequência Modulada (FM). No início, as quatro primeiras empresas: Sociedade, Cultura, Carioca (hoje Povo) e Subaé, eram emissoras de Onda Média (OM) - depois Amplitude Modulada (AM) -, verificando-se a migração de três para a FM. Nesse espaço vamos apresentar, de forma sucinta, como foi o surgimento e evolução dessas emissoras, que representam o gênesis da radiodifusão na Cidade Princesa com uma significativa contribuição no processo de desenvolvimento da comunidade.
Fruto da prodigiosa mente do italiano Guglielmo Marconi, nascido em Bolonha em 1874,o rádio surgiu no início do século passado, logo após o telegrafo sem fio, também do mesmo inventor, para se tornar o mais importante veículo de comunicação, pela sua dinâmica até hoje não superada.
No Brasil a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro foi a primeira emissora a entrar no ar em 1923, com enorme sucesso, por se tratar de algo absolutamente novo e desconhecido para a maioria da população. Na Bahia a Sociedade e a Excelsior, ambas em Salvador, foram as primeiras. Todavia em 1948, Feira de Santana, mostrando sua liderança no interior do estado, também passava a falar para milhares de pessoas através da sua Rádio Sociedade.
Vale lembrar que a radiodifusão foi precedida pelos serviços de alto-falantes que, nesta cidade, surgiram após a passagem de um circo, que já se utilizava desses equipamentos sonoros. Embora não haja dados precisos, Hermógenes Santana, proprietário da Casa das Louças teria sido o pioneiro a usar as “bocas de alto-falantes” em sua loja na Rua Direita (Conselheiro Franco).
Depois diversos alto-falantes foram instalados em outros locais e já na década de 50 surgiram os carros de som, dando amplitude a esse meio de comunicação, que muito contribuiu para o desenvolvimento da cidade. E foi exatamente a notável prestação de serviços dos alto-falantes que chamou atenção de Pedro Matos, a quem se deve a implantação do rádio na Cidade Princesa.
Gráfico, desenhista, poeta, alfaiate e político, homem de visão progressista, ele entendeu que a cidade precisava contar com uma emissora de rádio e não ficou só na teoria, partindo de imediato para colocar em prática o seu ideário.
A Rádio Sociedade de Feira
Cidade de cerca de 40 mil habitantes, Feira já respirava com o jeito de quem corre sabendo que vai chegar primeiro. A feira-livre, a feira de gado e o movimentado comércio, credenciavam a terra de Senhora Santana a um futuro magnifico. Faltava apenas falar mais alto para ir mais distante e atrair visitantes. Foi isso que entendeu Pedro Matos na época trabalhando na Gráfica da Feira.
Exposta sua ideia, muitos duvidaram e até não levaram à sério, devido à complexidade na sua consecução. O primeiro passo do projeto de Pedro Matos foi ir ao Rio de Janeiro - capital federal. Pouco tempo depois chegava a esta cidade um transmissor de 250 watts que foi instalado junto à torre de transmissão, entre as ruas Barão de Cotegipe e Álvaro Simões, no bairro da Queimadinha.
No dia 7 de setembro de 1948, em meio à grande euforia que marcava todos os anos as comemorações da Independência do País, os poucos moradores da cidade, que já possuíam aparelhos de rádio, puderam ouvir, pela primeira vez, nitidamente, as vozes de Gabriel Castilho, um promotor público e ex-locutor da Rádio Sociedade da Bahia e o feirense Dourival Oliveira, através da Onda Média da ZYR-3970 kHz Rádio Sociedade de Feira de Santana.
Importância de Feira
Vale um breve hiato para uma rápida cronologia. O Rádio (radiodifusão) chegou ao Brasil em 1923 (Radio Sociedade do Rio de Janeiro) há 98 anos e, em Feira de Santana, em 1948, portanto 25 anos depois, o que se pode considerar um tempo proporcionalmente curto, levando-se em conta que o Rio de Janeiro era a capital do país e Feira de Santana, uma pequena cidade nordestina.
Desse modo, a Rádio Sociedade de Feira de Santana, que surgiu em 7 de setembro de 1948 - e completará no próximo 7 de setembro, 73 anos - foi a primeira emissora fora de Salvador, tendo como fundador o gráfico Pedro Matos, ”o pai do rádio” no interior da Bahia. A emissora permaneceu sob sua direção até 1959 quando foi adquirida pelos frades Capuchinhos e teve como primeiro diretor o frei Hermenegildo de Castorano.
Frei Aureliano - Um Dínamo
Todavia foi na gestão do frei Aureliano de Grottamare, também italiano, que a emissora experimentou extraordinário desenvolvimento e isso veio com a construção e inauguração, em 1966, do Palácio do Rádio, na rua Frei Hermenegildo (onde a emissora funciona), bairro Capuchinhos. Até então os estúdios eram na Rua de Aurora (Desembargador Filinto Bastos) onde também funcionou o Cine Plaza, e o escritório central (diretoria), no edifício Café São Paulo, na Praça da Bandeira.
Depois das modernas instalações o frei Aureliano propiciou a emissora os melhores equipamentos vindos da Europa, inclusive a primeira gravadora de discos em acetato - jingles comerciais e musicas -, do interior, também reuniu uma forte equipe profissional para, em seguida, dar mais um passo gigante ao inaugurar em 19 de março de 1979 os potentes transmissores de 10 kHz (ondas Média e Curta) com as presenças do ministro das Comunicações Carlos Simas e do governador da Bahia, o feirense João Durval Carneiro.
NE: Na próxima semana daremos sequência.
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