sexta-feira, 17 de maio de 2024

A infelicidade de todos no Rio Grande do Sul

Uma tragédia não é só a parte visível, aquela exibida nas imagens. Existe uma outra, subterrânea,  que envolve os mecanismos que condicionaram sua ocorrência e a resposta que é dada ao fenômeno. A enchente no Rio Grande do Sul é um desses exemplos.

De um lado tem a imprevidência do poder público que não fez a manutenção do sistema de prevenção a enchentes de Porto Alegre permitindo que as águas, mesmo sem atingir a cota de 6 metros do muro de contenção, tenha invadido a cidade pelas falhas nas comportas e nas bombas que deveriam drenar essas águas.

Ao lado da falha do poder local, houve lentidão na resposta federal e declarações inconcebíveis de ministros. Marina Silva, aproveitou a oportunidade para culpar Bolsonaro pelo desastre climático e Simone Tebet, do Planejamento, disse que não era de enviar dinheiro porque os prefeitos não sabiam nem o que pedir porque as águas ainda não haviam baixado, como não houvesse demandas emergenciais. O próprio Lula, incialmente, fez apenas uma visita curta e ao desembarcar disse que estava “ torcendo pelo Internacional e Grêmio”, completamente fora da realidade da mensagem que deveria transmitir.

Depois de  críticas o ministro Paulo Pimenta foi ao Jornal Nacional, da Globo, queixar-se contra as fake-news. Quando Bonner perguntou porque ele havia enviado à Polícia Federal nomes de pessoas que cometeram fake-news evidentes, mas de outros que lhe pareceram meras críticas, o ministro não respondeu. Após isso, o governo ampliou de forma muito significativa e correta o apoio ao estado.

O governador Eduardo Leite( PSDB) cujo desempenho também foi levado na enxurrada fez uma declaração estarrecedora de que estava “preocupado com as doações porque elas poderiam prejudicar o comércio do estado”. É, como se diz no popular, de lascar. Uma infelicidade geral de todos, inclusive das vítimas. 

Aos poucos,  vai se revelando as ações condicionantes, os erros, os exploradores políticos e midiáticos da tragédia, as omissões, e os acertos. O que fica de mais  positivo é a espetacular ação de civis e do Brasil solidário- isso sim e não o show de Maddona- contribuíndo para curar um pouco o país. E a clareza que só com a sociedade, o poder público em suas três esferas, civis, se consegue responder de forma efetiva a maior tragédia climática de nossa história!

𝗖𝗲𝘀𝗮𝗿 𝗢𝗹𝗶𝘃𝗲𝗶𝗿𝗮 - Tabaréu, feirense, médico, professor, apaixonado por palavras, pessoas e a vida. Sou de mato, vinhos, cafés, pratos, prosas - falada e escrita. Essa tem sido minha receita. 

NE: Publicado no Tribuna Feirense

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