sexta-feira, 3 de maio de 2024

Viva São João!

           

Estamos nos aproximando do mês de junho, das festas de Santo Antônio, o santo casamenteiro, São João e São Pedro, protetor das viúvas. Época de festas, folguedos, fogos e brincadeiras. Também neste mês comemora-se o Dia dos Namorados. É o mês do romantismo. Época em que as pessoas se alegravam pela oportunidade de confraternizar e celebrar junto com parentes e amigos. Hoje, porém, a festa ganhou uma conotação diferente e perdeu o encanto e o romantismo que eram características. A violência que era própria das cidades hoje se estendeu até o campo e os festejos juninos perderam em muito a essência.

Eu me lembro de quando era criança da ansiedade que eu sentia e da alegria quando recebia roupas novas e fogos para festejar o São João. Muito mais que o Natal eu ansiava pelo São João. As portas das residências eram abertas e sempre que alguém passava e perguntava: “São João passou por aí?” Logo recebia o convite para tomar um licor e provar as iguarias típicas da época, a exemplo de milho assado ou cozido, amendoim, canjica, bolos diversos, pamonha etc. E o espírito de confraternização reinava.

Os jovens pareciam mais apaixonados nessa época.  Os casais andavam de mãos dadas ou abraçados, contemplando o céu estrelado e colorido de balões. Havia sempre um disco de forró na vitrola e casais dispostos a dançar na sala da casa. As crianças faziam jogos e corriam por todos os cantos com seus risos alegres. Era muito bom. Muito bom mesmo.

Certa vez meu padrinho, que morava vizinho a uma favela, resolveu fazer uma festa e convidou todos os moradores da referida comunidade para um arrasta-pé em sua casa. Comprou tecidos para fazer roupas para todos, adultos e crianças. Distribuiu fogos e à noite promoveu um arrasta-pé na área livre no exterior da casa. Quando eu ouço a música calango tango, lembro-me de um fato hilario que aconteceu neste dia. Diz a música: “Eu vou te contar um caso, que de rir você se escangaia, a mulher do Zé Maria, foi dançar caiu a saia”. Não é que aconteceu mesmo? Uma das mulheres estavam se esbaldando no forró, quando ao fazer um movimento mais brusco o cordão da sua saia se partiu e ela ficou só com a roupa de baixo.

Fala-se muito em acidentes com fogos. Nessa festa não aconteceu nenhum, embora se houvesse soltado foguetes, bombas e diversos outros fogos de artificio. Ainda hoje eu tenho a impressão de que quando a felicidade reina em algum evento nunca acontece acidentes.

Certa vez coloquei um artefato no chão e acendi o pavio. Ele deveria subir e lá em cima estourar bolinhas coloridas. Contudo, quando me afastei, meu calcanhar pegou no artefato e ele virou. Assim, em vez de subir, ele partiu serpenteando no meio da rua que estava cheia de gente. Ninguém teve um arranhão, nem reclamou do acontecido. Coisa de gente feliz.

Observando os atuais costumes em festas juninas, não mais me atrevo a participar de nenhuma. E quando olho para as ruas, vejo pouca gente e as poucas com quem tenho contato apresentam um semblante triste. Talvez na zona rural ainda se encontre um pouco de alegria. Não sei. Faz tempo que não vou a zona rural.  

Tudo isso é saudoso e triste! Muito triste!

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