A família tinha uma empregada doméstica,
Maria da Hora, Bá para os íntimos, que estava com Aurelina desde que ela se
casou. Era uma pretinha, gordinha, baixinha, que vivia com um toco de charuto
no canto da boca, que havia ajudado a criar os filhos do casal e comigo não foi
diferente, se tornou, inclusive minha madrinha de toalha ou de representação
como se dizia. E por aí eu fui.
Ada também assumiu o papel de mãe,
cuidando de mim, das minhas enfermidades, da minha educação e tudo o mais. Eu
não poderia ter sido uma criança mais feliz. Nem mesmo a minha saúde frágil
impediu que eu fosse feliz. Eu tinha um problema no coração (estenose pulmonar),
tinha asma e contraí todas as doenças inerentes às crianças da época (catapora,
sarampo, papeira). Ada me ensinou a ler e a escrever antes mesmo de me
matricular em uma escola. E assim fui indo.
Fui crescendo, estudei, trabalhei, me
tornei homem e depois de passar por diversas ocupações me tornei jornalista,
profissão que exerci por 35 anos, me aposentei e ainda continuo escrevendo
quando me dá na telha. Como qualquer pessoa tive muitos altos e baixos na minha
vida. Mas, desde criança, sempre que algo me ameaçava lá estavam Bá, Ada,
Aurelina, Anacleto, José Olympio, Tonheiro, Pipiu e mais um batalhão de
parentes e amigos para me socorrer. Inclusive minha mãe biológica Dezinha, da
qual não perdi o contato. E todos sob a proteção de Nossa Senhora da Conceição,
a qual fui consagrado quando do meu batismo por Ada.
Neste Dia das Mães eu não poderia
deixar de lembrar de nenhuma delas que tanto me amaram. Hoje só me resta aqui
na terra Ada. Eu sei que nós em breve vamos nos separar. Não sei quem vai primeiro,
mas, vamos nos separar fisicamente. Eu não poderia ter escolhido uma vida
melhor. Casei-me, descasei, casei de novo, tive meus filhos, netos, e porque
não dizer, meus amigos. Meus velhos e bons amigos. Posso partir para o plano
espiritual a qualquer momento sem susto, pois como disse Roberto Carlos, o
importante é que emoções eu vivi.
Casar-me com Maura foi mais uma benção
na minha vida. Através dela ganhei mais uma mãe. Dona Graciana Sérgia, nossa
Pituzinha. Não sei quem vai primeiro para o outro lado da vida, se ela ou se
eu. Porém, 44 anos depois o amor continua tão forte, se não mais forte, do que
quando nasceu. Nesse dia dedicado às mães eu digo que cada uma dessas mulheres
que atravessaram meu caminho ou ainda estão comigo, à sua maneira, sempre foram
uma mãe cuidadosa e amorosa. A cada uma delas a minha eterna gratidão!
Um beijo no coração de cada uma!
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