sábado, 18 de maio de 2024

 

As Aventuras de Raul Seixas Na Cidade de Thor 

         Esta é mais uma crítica de Raul Seixas ao sistema capitalista que tudo quer estereotipar e colocar no mesmo pacote que é oferecido ao público em grandes proporções. O desastre anunciado por Raul Seixas, caso continuássemos na mesma linha de produção e consumo de músicas estereotipadas, da Música Popular Brasileira seria inevitável. E não deu outra. Agora estão todos procurando um caminho de volta e sem encontrar.  As pessoas, principalmente as mais jovens, estão catatônicas e nem mesmo conseguem entender o mal que as atinge.

Ao ouvir essa música me ocorre uma outra do tempo do Tropicalismo que dizia: “A cultura e a civilização, elas que se danem”! Ao mesmo tempo me ocorre também uma outra de Raul Seixas que é um retrato fiel, musicado, de tudo que ele quis dizer. Tu és o MDC da minha vida. Nela Raul dá o exemplo claro da mercantilização da MPB introduzindo nas canções comerciais de produtos como: “Mustang cor de sangue”; “Corcel cor de mel”; “Sansuy”; “Garrad”; “Gradiente”; “Casas da Banha” e por aí afora. No afã de promover coisas e pessoas, a indústria fonográfica não se impôs limites. E deu no que deu. 

A Crítica Social e Existencial em 'As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor'  

A música 'As Aventuras de Raul Seixas Na Cidade de Thor' é uma expressão crítica e reflexiva do cantor Raul Seixas, conhecido por suas letras carregadas de metáforas e comentários sociais. A canção aborda a complexidade e as contradições da sociedade moderna, utilizando uma linguagem repleta de simbolismos e referências culturais.

Raul Seixas, através de sua música, critica a maneira como as pessoas são manipuladas pelos sistemas de poder, representados pelo 'monstro SIST', uma possível alusão ao sistema capitalista e suas estruturas de controle. A letra sugere que as pessoas são ao mesmo tempo carrascos e vítimas desse sistema, incapazes de perceber como estão sendo exploradas.

A metáfora do 'buraco de rato' ilustra a ideia de que, para sobreviver ou se inserir em determinados contextos sociais, é necessário se adaptar às regras, muitas vezes questionáveis, impostas por esses sistemas.

Além disso, a canção toca em temas existenciais, como a busca por significado e identidade. Raul Seixas menciona sua jornada pessoal por diferentes crenças e ideologias, destacando sua desconfiança em verdades absolutas. A música também reflete sobre a fragilidade da civilização moderna, comparando-a a um computador vulnerável, e critica aqueles que se concentram em lutas superficiais ('a inútil luta com os galhos') sem entender as raízes dos problemas ('é lá no tronco que está o coringa do baralho'). 

*Com informações do site Letras

 

As aventuras de Raul Seixa na Cidade de Thor

Tá rebocado, meu compadre
Como os donos do mundo piraram
Eles já são carrascos e vítimas
Do próprio mecanismo que criaram

 

O monstro SIST é retado
E tá doido pra transar comigo
E sempre que você dorme de touca
Ele fatura em cima do inimigo

 

A arapuca está armada
E não adianta de fora protestar
Quando se quer entrar num buraco de rato
De rato você tem que transar

 

Buliram muito com o planeta
E o planeta como um cachorro eu vejo
Se ele já não aguenta mais as pulgas
Se livra delas num sacolejo

 

Hoje a gente já nem sabe
De que lado estão certos cabeludos
Tipo estereotipado
Se é da direita ou dá traseira não se sabe lá mais de que lado

 

Eu que sou vivo pra cachorro
No que eu estou longe, eu tô perto
Se eu não estiver com Deus, meu filho
Eu estou sempre aqui com o olho aberto

 

A civilização se tornou tão complicada
Que ficou tão frágil como um computador
Que se uma criança descobrir o calcanhar de Aquiles
Com um só palito, para o motor

 

Tem gente que passa a vida inteira
Travando a inútil luta com os galhos
Sem saber que é lá no tronco
Que está o coringa do baralho

Quando eu compus fiz Ouro de Tolo
Uns imbecis me chamaram de profeta do apocalipse
Mas eles só vão entender o que eu falei
No esperado dia do eclipse

 

Acredite que eu não tenho nada a ver
Com a linha evolutiva da Música Popular Brasileira
A única linha que eu conheço
É a linha de empinar uma bandeira

 

Eu já passei por todas as religiões
Filosofias, políticas e lutas
Aos 11 anos de idade eu já desconfiava
Da verdade absoluta

 

Raul Seixas e Raulzito
Sempre foram o mesmo homem
Mas pra aprender o jogo dos ratos
Transou com Deus e com o lobisomem

 


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