segunda-feira, 20 de maio de 2024

Crônica de segunda - Geraldo José de Almeida e Sílvio Luiz: Dois craques sem chuteiras

       

  Existem muitos jogadores de futebol. Mas, poucos narradores esportivos com o talento de prender a atenção do público, seja no rádio ou na tv, e criar uma empatia com os ouvintes ou espectadores. É preciso ter muito dom para conseguir isso. É preciso muito mais. É preciso ser craque. Geraldo José de Almeida e Sílvio Luiz eram.

    Usavam de expressões simples e corriqueiras, mas com tanta propriedade que fazia os ouvintes e expectadores rirem e repetirem os bordões pela vida a fora. “Por pouco, pouco, muito pouco, pouco mesmo”, dizia Geraldo José. “Pelo amor dos meus filhinhos!” Dizia Sílvio Luiz. E com essas frases simples, colocadas no lugar e na hora certas, eles cativaram milhões de expectadores e ouvintes.

Geraldo José se tornou muito conhecido na Copa do Mundo de 1970, no México, apelidando os jogadores da seleção brasileira. Garoto do Parque – Rivelino; Canhotinha de ouro – Gerson; Furacão da Copa – Jairzinho; Mineirinho de Ouro – Tostão; e Pelé era simplesmente Ele. Já Sílvio Luís cativou seu público com frases como: “Pelo amor dos meus filhinhos” e “pelas barbas do profeta”, que usava sempre para arrematar alguma jogada de risco e bem elaborada.  

Estes dois e muitos outros artistas da locução esportiva já se foram. E é triste constatar que estão desaparecendo sem deixar sucessores. É triste ouvir a narração em uma emissora de rádio ou TV, quando os locutores passam mais tempo conversando abobrinhas ou fazendo piadinhas sem graça e simplesmente se esquecem de narrar o jogo ou falar de uma jogada mais elaborada pelos verdadeiros artistas da bola.

Um dos poucos remanescentes desses craques da narração esportiva, Osmar Santos, sofreu um acidente há alguns anos, não morreu, mas, ficou incapacitado para voltar a ativa. Ele era inovador, cheio de jargões e criativo, capaz de ditar moda entre os amantes do futebol e deixar inúmeros discípulos. Extremamente ágil e tecnicamente perfeito nas narrações, ganhou notoriedade pelos jargões que caíam facilmente na boca do povo, tais como "ripa na chulipa e pimba na gorduchinha", "é lá que a menina mora", "é fogo no boné do guarda", "pisou no tomate" e "bambeou, mas não caiu". Sem falar, é claro, do inesquecível "iiiiiiii que goolllllllllllllllll", a cada vez que a bola balançava as redes.

Os grandes narradores estão indo embora, assim como o próprio futebol que a cada dia que passa se afunda mais nas tramas urdidas pela cartolagem internacional.

É triste! Muito triste! Triste mesmo!...

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