Existem muitos jogadores de futebol. Mas, poucos narradores esportivos com o talento de prender a atenção do público, seja no rádio ou na tv, e criar uma empatia com os ouvintes ou espectadores. É preciso ter muito dom para conseguir isso. É preciso muito mais. É preciso ser craque. Geraldo José de Almeida e Sílvio Luiz eram.
Usavam de expressões simples e corriqueiras, mas com tanta propriedade que fazia os ouvintes e expectadores rirem e repetirem os bordões pela vida a fora. “Por pouco, pouco, muito pouco, pouco mesmo”, dizia Geraldo José. “Pelo amor dos meus filhinhos!” Dizia Sílvio Luiz. E com essas frases simples, colocadas no lugar e na hora certas, eles cativaram milhões de expectadores e ouvintes.
Geraldo José se tornou
muito conhecido na Copa do Mundo de 1970, no México, apelidando os jogadores da
seleção brasileira. Garoto do Parque – Rivelino; Canhotinha de ouro – Gerson;
Furacão da Copa – Jairzinho; Mineirinho de Ouro – Tostão; e Pelé era
simplesmente Ele. Já Sílvio Luís cativou seu público com frases como: “Pelo
amor dos meus filhinhos” e “pelas barbas do profeta”, que usava sempre para
arrematar alguma jogada de risco e bem elaborada.
Estes dois e muitos
outros artistas da locução esportiva já se foram. E é triste constatar que
estão desaparecendo sem deixar sucessores. É triste ouvir a narração em uma
emissora de rádio ou TV, quando os locutores passam mais tempo conversando
abobrinhas ou fazendo piadinhas sem graça e simplesmente se esquecem de narrar
o jogo ou falar de uma jogada mais elaborada pelos verdadeiros artistas da
bola.
Um dos poucos
remanescentes desses craques da narração esportiva, Osmar Santos, sofreu um
acidente há alguns anos,
não morreu, mas, ficou incapacitado para voltar a ativa. Ele era inovador, cheio de jargões e criativo, capaz de ditar moda entre
os amantes do futebol e deixar inúmeros discípulos. Extremamente ágil e
tecnicamente perfeito nas narrações, ganhou notoriedade pelos jargões que caíam
facilmente na boca do povo, tais como "ripa na chulipa e pimba na
gorduchinha", "é lá que a menina mora", "é fogo no boné do
guarda", "pisou no tomate" e "bambeou, mas não caiu".
Sem falar, é claro, do inesquecível "iiiiiiii que goolllllllllllllllll",
a cada vez que a bola balançava as redes.
Os grandes
narradores estão indo embora, assim como o próprio futebol que a cada dia que
passa se afunda mais nas tramas urdidas pela cartolagem internacional.
É triste! Muito triste! Triste mesmo!...
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