Crônica de segunda - O Mandu do Riachão

     

  Quando eu era criança ouvia as mulheres ninando os seus filhos com essa canção: “Tururu menino mandu/cara de gato, nariz de peru” ... e eu não sabia realmente o que era um mandu. Mas, meus netos, certo dia me perguntaram e aí fui forçado a procurar. Segundo o dicionário, uma pessoa de natureza Mandú é: “Indivíduo caracterizado por sua extrema tolerância, amizade e fidelidade para com o próximo. Apresenta uma honestidade inata, porém, pode reagir de forma intensa quando seus princípios e dignidade são transgredidos, o que, por vezes, resulta em incompreensão por parte daqueles que buscam caminhos mais fáceis na vida.”

            No Candomblé e na umbanda, "mandu" pode ter diferentes significados e ser associado a entidades, orixás ou rituais específicos. Na culinária, é um prato tradicional que cativa paladares com seus sabores únicos e técnicas ancestrais. Mas, por que estou falando sobre isso agora? Explico: Comenta-se nos meios políticos que um pré-candidato a prefeito de Riachão do Jacuípe teria se referido a um adversário como sendo um “Mandu”. A declaração caiu como uma bomba nas rodas de fofocas políticas e nos bate-papos dos botequins. Se o tal candidato queria atingir um adversário direto pela disputa, o tiro pode ter saído pela culatra. Pois, em vez de denegrir a imagem do adversário, ele o elogiou como podemos ver na definição da palavra Mandu.   

Contudo, mandu pode ser também um coisa ruim, já que existem várias definições em diferentes dicionários. Porém, os simpatizantes do candidato chamado de Mandu e ele próprio, saíram na frente e assumiram o título e até inauguraram um bar com este nome. Ali já está a funcionar como uma espécie de subcomitê político do candidato Mandu. Com certeza o termo será usado exaustivamente durante a campanha política até as eleições de outubro.

Essa não será a primeira vez que alguém tentou usar um termo pejorativo para ofender ou diminuir a importância de um adversário político. Há vários exemplos na política pessoas que receberam nomes pejorativos e que acabaram sendo usados ao seu favor, culminando com êxito. Em Feira de Santana o dr. Nantes Bellas Vieira (falecido) ganhou o apelido de Bibi. E foi com este nome que se elegeu vereador por diversas vezes.

Então, porque não o Mandu!