quinta-feira, 11 de julho de 2024

Como podemos retardar o envelhecimento do nosso cérebro, segundo cientistas

 


Há muito sabemos que nosso estilo de vida pode ajudar a nos manter saudáveis por mais tempo. Agora, cientistas se perguntam se novas tecnologias também podem ajudar a retardar o processo de envelhecimento de nossos cérebros, acompanhando o que acontece com eles à medida que ficamos mais velhos.

Em uma manhã ensolarada, a holandesa Marijke, de 76 anos, e seu marido, Tom, me receberam para um café da manhã em sua casa em Loma Linda, a uma hora a leste de Los Angeles.

Foram servidos aveia, sementes de chia, frutas vermelhas, mas nenhum cereal ou café açucarado processados — um café da manhã tão puro quanto a missão de Loma Linda.

A cidade é considerada uma das chamadas Zonas Azuis (Blue Zones) do mundo, lugares onde as pessoas têm uma expectativa de vida maior do que a média.

Em Loma Linda os membros da comunidade da Igreja Adventista do Sétimo Dia da cidade são os que estão vivendo mais.

Eles geralmente não bebem álcool ou cafeína, seguem uma dieta vegetariana ou mesmo vegana e consideram um dever de sua religião cuidar de seus corpos da melhor maneira possível.

Essa é a “mensagem de saúde”, como eles chamam, que os colocou no mapa — por décadas, a cidade tem sido objeto de pesquisas para saber por que seus moradores vivem melhor por mais tempo.

Gary Fraser, da Universidade de Loma Linda, me disse que os membros da comunidade Adventista do Sétimo Dia podem almejar ter não apenas uma vida útil mais longa, mas uma maior “expectativa de saúde” -— ou seja, tempo vivido com boa saúde — de quatro a cinco anos a mais para mulheres e sete anos a mais para homens.

Marijke e Tom se mudaram para Loma Linda mais tarde em suas vidas, mas agora ambos estão firmemente inseridos na comunidade.

Marijke e Tom - na foto com a repórter Lara Lewington - são parte da comunidade de Loma Linda


Não há nenhum grande segredo em Loma Linda. Seus cidadãos estão simplesmente levando uma vida realmente saudável, mantendo-se mentalmente estimulados e valorizando o espírito comunitário que é geralmente criado em torno de uma religião.

Há palestras regulares sobre vida saudável, encontros musicais e aulas de ginástica.

Eu conversei com Judy, que mora com outras 112 pessoas em um "conjunto habitacional de vida assistida", onde sempre “é possível ter conversas que abrem o coração e o cérebro”, ela me disse.

“O que eu não tinha percebido foi a importância da socialização para o cérebro... sem ela, nosso cérebro parece encolher e desaparecer”, disse Judy.

A ciência há muito reconhece os benefícios das interações sociais e de se evitar a solidão.

Mas agora também é possível identificar quais cérebros estão envelhecendo mais rapidamente do que deveriam, para que possam ser monitorados e, no futuro, que possam ser tratados preventivamente de forma melhor.

À medida que avançamos em direção a modelos de saúde mais personalizados, previsíveis e preventivos, o diagnóstico precoce será crucial em todas as áreas da saúde, impulsionado pelas incríveis possibilidades da IA e da coleta e agrupamento de dados em larga escala.

Andrei Irimia, professor associado de gerontologia e biologia computacional na University of Southern California, me mostrou modelos de computador capazes de avaliar como nosso cérebro envelhece e que podem predizer seu declínio.

Para criá-los, ele usou exames de ressonância magnética e outros dados de 15 mil pessoas e o poder da inteligência artificial para entender a trajetória dos cérebros que estão envelhecendo de forma saudável e daqueles em que há um processo de doença, como a demência.

“É uma forma muito sofisticada de analisar padrões que não necessariamente percebemos como seres humanos, mas o algoritmo de IA é capaz de detectá-los”, disse ele.

O professor Irimia, é claro, examinou a minha cabeça.

Eu tinha feito uma ressonância magnética funcional antes da minha visita e, depois de analisar seus resultados, o professor me disse que eu tinha uma idade cerebral oito meses mais velha do que minha idade cronológica (embora, aparentemente, a parte que controla a fala não estava envelhecendo tão rapidamente. Eu mesma poderia ter dito isso a ele).

O professor acrescentou que os resultados estão dentro de uma margem de erro de dois anos.

Empresas privadas também estão começando a comercializar essa tecnologia.

A empresa americana Brainkey está oferecendo o serviço em uma variedade de clínicas em todo o mundo. Seu fundador, Owen Philips, me disse que, no futuro, fazer uma ressonância magnética deveria se tornar mais fácil.

“Está se tornando muito mais acessível para as pessoas fazerem uma ressonância magnética, e as imagens produzidas estão cada vez melhores”, disse ele.

“A tecnologia está chegando a um ponto que nos permite ver as coisas muito mais cedo do que no passado. E isso significa que podemos entender exatamente o que está acontecendo no cérebro de um paciente individual. Com IA, temos condição de fazer isso.”

E eu ainda fui presenteada com uma impressão em 3D do meu próprio cérebro.

Após o exame, Lara Lewington recebeu um modelo de seu próprio cérebro em 3D 


click aqui e leia matéria completa no BBC News Brasil

Nenhum comentário: