sábado, 27 de julho de 2024

O sonho acabou?

         


A década de 60 separou a cultura da primeira metade do século da segunda que foi muito rica em mudanças estruturais e comportamentais no Brasil. Os anos 60 trouxeram mudanças em todos os setores da sociedade. Foi o ano do surgimento da banda americana The Beatles de estrondoso sucesso no mundo inteiro. Quando a Banda se dissolveu John Lennon declarou que o sono havia acabado. Isso não parece ser totalmente verdade.

Os jovens dos anos 60 mudaram radicalmente sua maneira de vestir, seu gosto por música e seus relacionamentos sexuais. A pílula  anticoncepcional foi um dos fatores mais marcantes na liberação da mulher. No Brasil surgiram várias bandas de rock que imitavam os Beatles. Mudaram os padrões de vestir, de cantar e até os cortes de cabelos.

         O cantor e compositor Belchior na música Como os nossos pais,  afirma que “apesar de tudo que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais.” De certa maneira ele tem razão, porque mudamos o nosso estilo de vida, o modo de viver, vieram as modernizações, contudo, o ser humano na sua essência continua o mesmo. O que experimentamos foram mudanças comportamentais e quebra de alguns tabus sociais. Mas, viver ainda é viver: Nascer, crescer, estudar, trabalhar, casar, criar os filhos, envelhecer e morrer.

         Talvez não sejamos mais os mesmos e nem vivamos como os nossos pais viveram. Porém, na essência continuamos os mesmos.

Belchior está coberto de razão.

          A seguir confira a música interpretada por Elis Regina.

 


Como nossos pais

Não quero lhe falar meu grande amor
Das coisas que aprendi nos discos

Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor é uma coisa boa
Mas também sei que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa

Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram
E o sinal está fechado pra nós
Que somos jovens

Para abraçar seu irmão
E beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço
O seu lábio e a sua voz

Você me pergunta pela minha paixão
Digo que estou encantada
Como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento
Cheiro de nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva
Do meu coração

Já faz tempo eu vi você na rua
Cabelo ao vento
Gente jovem reunida
Na parede da memória
Essa lembrança
É o quadro que dói mais

Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais

Nossos ídolos ainda são os mesmos
E as aparências
Não enganam não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer
Que eu 'tô por fora
Ou então que eu 'tô inventando

Mas é você que ama o passado
E que não vê
Que o novo sempre vem

Hoje eu sei que quem me deu a ideia
De uma nova consciência e juventude
'Tá em casa
Guardado por Deus
Contando vil metal

 

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