Pesquisadores desenvolvem pesquisa para barrar o envelhecimento do cérebro e manter o bom funcionamento do órgão. Foto: Agência Brasil |
Após observar a rotina dos camundongos, pesquisadores verificaram que a alimentação deles influencia diretamente na função cerebral. Agora os cientistas se concentram numa pesquisa para ver se é possível barrar o envelhecimento do cérebro e se a dieta cetogênica pode frear essa degeneração. É preciso testar em humanos.
O estudo é conduzido por pesquisadores chilenos, no Centro de Gerociências, Saúde Mental e Metabolismo (Gero), primeiro instituto do tipo na América Latina e está no Chile. O trabalho foi liderado por Christian González-Billault e Diego Acuña conseguiu demonstrar, nos roedores, que a dieta alimentar ajuda na memória e aprendizagem.
A pesquisa indica ainda que há efeitos também na plasticidade sináptica do cérebro. O estudo foi publicado na revista científica Cell Reports Medicine. Agora os cientistas querem avançar e analisar os efeitos da experiência no cérebro humano.
Dieta específica
Os camundongos foram alimentados com uma uma dieta rica em gordura e pobre em carboidratos. É a chamada dieta cetogênica – baseada em manteiga, castanhas, azeite, castanhas e banha, carnes, peixes, frango, ovos, queijos e presunto.
No período analisado, era alternada a dieta-padrão durante quatro meses.
Os resultados mostraram melhorias na memória de trabalho, avaliada por testes de labirinto comportamental, e na potenciação de longo prazo (LTP), um processo crucial para a aprendizagem e a memória.
No entanto, esse tipo de dieta também acende a luz de alerta por acarretar sobrecarga a órgãos vitais do corpo, como o fígado, que pode ficar com excesso de gordura – um prejuízo e tanto para os humanos.
Melhoras evidentes em camundongos
Para os pesquisadores, as principais descobertas mostram que, em camundongos machos e idosos, esse tipo de dieta melhora a retenção da memória, a plasticidade sináptica e aumenta a complexidade do conjunto de neurônios, conhecida como árvore dendrítica.
Segundo a análise, a dieta modifica a função cerebral e a atividade motora em camundongos idosos. Porém, o lado negativo é que uma dieta como essa aplicada por longo período pode prejudicar o organismo também.
“Isso significa fígado gorduroso e outras alterações no metabolismo. Porém, está demonstrado que ao alternar essa dieta com uma normal você evita esses efeitos adversos ou os reduz significativamente”, afirmou González-Billault.
Problemas em humanos
De acordo com os pesquisadores, manter uma dieta cetogênica de forma permanente em humanos pode acarretar problemas. É que esse tipo de alimentação gera sobrecarga nos órgãos, como o fígado, o que aumenta o risco de dislipidemia – níveis elevados de lipídios no sangue – o que pode ser fator de risco para doenças cardiovasculares.
“Não é uma estratégia que possa ser eficiente para aplicar no envelhecimento humano ”, alerta González-Billault.
A análise proteômica revelou alterações significativas no compartimento pré-sináptico dos neurônios, particularmente na via de sinalização da proteína quinase A (PKA).
Essas mudanças resultaram no aumento da abundância de BDNF (fator neurotrófico derivado do cérebro) e na fosforilação de substratos de PKA, que promovem a capacidade do cérebro de alterar as conexões entre sinapses sob demanda – também chamada de “plasticidade sináptica”. Esse fenômeno é fundamental para a aprendizagem, a memória e outros processos cognitivos.
Dieta cetogênica
Em 2008, essa dieta se tornou bastante conhecida: rica em gorduras e proteínas, e pobre em hidratos de carbono. O objetivo dela era ajudar na perda de peso.
A maioria das células prefere usar o açúcar no sangue, que vem dos carboidratos, como principal fonte de energia do corpo.
Com a ausência da circulação do açúcar dos alimentos, a gordura armazenada começa a se decompor no sangue em moléculas chamadas corpos cetônicos. Este processo é chamado de “cetose”.
A dieta cetogênica inclui muitas carnes, bem como ovos, salsichas, queijos, peixes, nozes, manteiga, óleos, sementes e vegetais fibrosos.
Uma vez alcançada essa cetose, a maioria das células usa corpos cetônicos para gerar energia até que a pessoa comece a comer carboidratos novamente.
Um estudo piloto liderado por pesquisadores da Stanford Medicine descobriu que essa dieta não apenas restaura a saúde metabólica, mas melhora ainda mais suas condições psiquiátricas.
“A dieta cetogênica demonstrou ser eficaz para crises epilépticas resistentes ao tratamento, reduzindo a excitabilidade dos neurônios no cérebro”, disse o grupo de pesquisadores em nota. “Achamos que valeria a pena explorar esse tratamento em condições psiquiátricas”, segundo reportagem do La Tercera.
Pesquisa investiga meios de frear o envelhecimento do cérebro e garantir qualidade de vida. Foto: Agência Brasil |
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