sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Abajo la puerra toda!


     
Este grito de protesto foi publicado pelo falecido cartunista Laje através de um personagem numa das suas tiras diárias do jornal Tribuna da Bahia. O personagem Arlindo Orlando carregava um cartaz com essa frase e quando um amigo perguntou por que em espanhol, ele disse que era uma lembrança que um amigo lhe havia trazido do Chile. Na época o país vizinho enfrentava uma onda de protestos contra o governo, como aconteceu recentemente aqui no Brasil.

         A frase simboliza o auto grau de insatisfação popular contra tudo que envolve as ações governamentais em um país. Me parece bem adequada para o momento que vive a população brasileira. O povo está cansado, desesperançoso, descrente mesmo de que algum dia alguma coisa irá mudar para melhor nas suas vidas. Eu tenho 60 anos, e desde que me entendo por gente sempre ouvi os políticos dizendo que era chegada a hora da mudança e que tudo iria melhorar. Entrou governo e saiu governo e eu só vi tudo piorar a cada eleição.

         Durante os anos da ditadura combati como pude o regime militar na esperança de devolver ao Brasil o estado de direito. Finda a ditadura, vi tudo piorar rapidamente, em pouco mais de 20 anos. Chegamos ao ponto em que estamos votando escolhendo os nossos candidatos na base do menos ruim, guardando ainda uma tênue esperança de que algum dia alguma coisa possa realmente mudar para melhor.

         Na atual conjuntura, votar em Dilma é declarar estar em acordo com tudo que está acontecendo no Brasil, ou seja, mensalões, escândalos financeiros diários, corrupção desenfreada, economia desequilibrada, desemprego, insegurança, e falta de saúde e educação básicas. Votar em Aécio é retroceder aos anos que se sucederam à Ditadura Militar, em que as atitudes dos governantes nos induziram a acreditar e votar em Lula e no PT na esperança de um Brasil melhor. Não foi o que aconteceu.

         Se digo vou votar em Marina não é por convicção ideológica nem por acreditar que ela possa realmente recolocar o Brasil nos trilhos da ordem e do progresso. Pessoalmente, conto a favor dela apenas o fato de que foi a única com coragem para “peitar” Lula e o próprio PT, quando percebeu que o partido havia perdido o rumo da sua história, mudado o seu discurso e se aliado às figuras perniciosas que tão ferozmente combateu como José Sarney, Fernando Collor e Paulo Maluf, entre outros.

         Estamos, por assim dizer, no mato sem cachorro. Atirando a esmo na esperança de acertar o alvo. Para toda a minha geração e àquelas que me antecederam, fica o gosto amargo da derrota de quem tão orgulhosamente e corajosamente combateu e se debateu por um pais melhor para os nossos filhos e netos. Tremo só de pensar no que terão que enfrentar daqui pra frente. Não adianta buscar culpados entre nós cidadãos, nem assumir um sentimento de fracasso. Fizemos o que pudemos. Se não deu certo, então que as futuras gerações nos tomem como exemplo e reescreva esta história.

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