A frase simboliza o auto grau de
insatisfação popular contra tudo que envolve as ações governamentais em um país.
Me parece bem adequada para o momento que vive a população brasileira. O povo está
cansado, desesperançoso, descrente mesmo de que algum dia alguma coisa irá
mudar para melhor nas suas vidas. Eu tenho 60 anos, e desde que me entendo por
gente sempre ouvi os políticos dizendo que era chegada a hora da mudança e que
tudo iria melhorar. Entrou governo e saiu governo e eu só vi tudo piorar a cada
eleição.
Durante os anos da ditadura combati como
pude o regime militar na esperança de devolver ao Brasil o estado de direito. Finda
a ditadura, vi tudo piorar rapidamente, em pouco mais de 20
anos. Chegamos ao ponto em que estamos votando escolhendo os nossos candidatos
na base do menos ruim, guardando ainda uma tênue esperança de que algum dia
alguma coisa possa realmente mudar para melhor.
Na atual conjuntura, votar em Dilma é
declarar estar em acordo com tudo que está acontecendo no Brasil, ou seja, mensalões,
escândalos financeiros diários, corrupção desenfreada, economia desequilibrada,
desemprego, insegurança, e falta de saúde e educação básicas. Votar em Aécio é
retroceder aos anos que se sucederam à Ditadura Militar, em que as atitudes dos
governantes nos induziram a acreditar e votar em Lula e no PT na esperança de
um Brasil melhor. Não foi o que aconteceu.
Se digo vou votar em Marina não é por
convicção ideológica nem por acreditar que ela possa realmente recolocar o
Brasil nos trilhos da ordem e do progresso. Pessoalmente, conto a favor dela
apenas o fato de que foi a única com coragem para “peitar” Lula e o próprio PT,
quando percebeu que o partido havia perdido o rumo da sua história, mudado o
seu discurso e se aliado às figuras perniciosas que tão ferozmente combateu
como José Sarney, Fernando Collor e Paulo Maluf, entre outros.
Estamos, por assim dizer, no mato sem
cachorro. Atirando a esmo na esperança de acertar o alvo. Para toda a minha
geração e àquelas que me antecederam, fica o gosto amargo da derrota de quem
tão orgulhosamente e corajosamente combateu e se debateu por um pais melhor
para os nossos filhos e netos. Tremo só de pensar no que terão que enfrentar daqui
pra frente. Não adianta buscar culpados entre nós cidadãos, nem assumir um
sentimento de fracasso. Fizemos o que pudemos. Se não deu certo, então que as
futuras gerações nos tomem como exemplo e reescreva esta história.
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