Os temas corrupção e economia 
prometem dominar os palanques e as arenas de embates entre os candidatos
 presidenciais Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) na reta final 
para o pleito derradeiro de 26 de outubro.
No primeiro debate pela
 TV, na noite de terça-feira, ambos puderam expor o arsenal de 
argumentos que usarão nos oito dias restantes de campanha - e nos três 
debates que virão. O próximo encontro será na tarde desta quinta, 
organizado por UOL/SBT/Jovem Pan.
Ambos batem em teclas distintas:
 por um lado, Dilma defende avanços econômicos e sociais dos 12 anos dos
 governos do PT, do outro, Aécio critica os baixos índices de 
crescimento nos últimos anos e o "fracasso" do governo no combate à 
inflação.
Ambas as estratégias de ataque incluem acusações de corrupção.
Veja abaixo, os principais argumentos usados nos ataques de cada candidato ao outro:
Dilma Rousseff (PT)
1. Eventuais cortes em programas sociais
A
 campanha petista coloca em dúvida a continuação do Bolsa Família, 
principal programa de transferência de renda do país. Aécio nega que 
acabará com o projeto e diz que seu governo irá "aprimorá-lo".
O 
tucano tem, ainda, defendido a "paternidade" do programa, ao dizer que 
este teria sido uma ampliação de outros projetos já existentes no 
governo Fernando Henrique. "O Bolsa Família é um avanço e vai ser 
continuado no nosso governo", disse ele no debate da Band. Dilma, no 
entanto, rejeita a reivindicação e diz que a abrangência de programas 
anteriores era menor.
Dilma diz também que Aécio planeja "reduzir o
 papel dos bancos públicos", o que poderia afetar linhas de 
financiamento do BNDES ou da Caixa Econômica Federal - principal 
financiadora do programa Minha Casa, Minha Vida.
Aécio diz que seu projeto é "saneá-los e dar transparência ao funcionamento", mas que os bancos não serão privatizados.
A
 privatização de empresas públicas ocorridas no governo Fernando 
Henrique é, historicamente, um dos argumentos dos petistas contra 
tucanos em eleições presidenciais.
2. Ajustes que poderão levar ao desemprego
Dilma
 diz que os ajustes propostos por Aécio na área econômica poderão levar 
ao desemprego, e que a escolha de Armínio Fraga como eventual ministro 
da Fazenda, anunciada pelo tucano, trará corte de empregos e de 
salários.
"Como é que o senhor (Aécio) quer que eu acredite que, 
com a mesma receita, o mesmo cozinheiro, vocês vão entregar um prato 
diferente que já entregaram para o Brasil? Vocês gostam de cortar, e 
sempre cortam. Cortam emprego e cortam salários", disse Dilma, no debate
 de terça-feira.
Em entrevista recente, Aécio disse que o governo 
fez "trapalhadas" e intervencionismo "irresponsável" em diversos setores
 da economia, que resultaram em crescimento baixo e inflação no teto da 
meta, e afugentou os investimentos. Disse também que a indicação de 
Fraga dá "sinalização" de "tranquilidade" na economia.
3. Denúncias de corrupção
Dilma
 também tem usado denúncias de irregularidades envolvendo Aécio e o PSDB
 para rebater acusações feitas pelo tucano. Além do caso do "mensalão 
tucano", a presidente cita a construção com dinheiro público de um 
aeroporto no município de Claudio (MG), nos tempos em que Aécio era 
governador do Estado de Minas Gerais, em terras de um parente dele.
Segundo
 denúncias da imprensa, a chave do terminal de pouso e decolagem teria 
ficado em poder desse parente após a conclusão das obras. De acordo com a
 campanha do PT, a construção teria beneficiado a família de Aécio.
Aécio
 diz que o Ministério Público Federal "atestou a regularidade da obra" e
 que a obra foi desfavorável a seu tio, já que o Estado determinou o 
valor de R$ 1 milhão para a desapropriação de um terreno que valeria R$ 9
 milhões. Segundo Dilma, ainda está em andamento uma investigação sobre 
eventual improbidade administrativa pela obra.
No debate da Band, 
Dilma citou as acusações de corrupção ligadas às licitações do Metrô de 
São Paulo, a cargo do governo estadual tucano.
Aécio Neves (PSDB)
1. Denúncias de corrupção na Petrobras
Uma
 das principais armas usadas pelo tucano são as revelações recentes de 
depoimentos do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro 
Alberto Yousseff sobre casos de desvio de recursos da estatal para 
abastecer campanhas de PT, PMDB e PP.
O tucano disse que o governo
 de Dilma virou um "mar de lama" e classificou de "absolutamente 
inacreditável" o que chamou de falta de indignação da petista diante das
 denúncias.
A presidente diz que seu governo sancionou leis que 
permitem independência na investigação de casos de corrupção e defende a
 punição de envolvidos em irregularidades. Dilma alega, também, que no 
governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), denúncias de 
corrupção em órgãos no governo não eram investigadas.
"A minha 
determinação de punir todos os investigados que sejam culpados, os 
corruptos e corruptores, é total. É fundamental que o país pare de ter 
impunidade. Finge investigar e não pune. Nós mudamos essa realidade", 
disse ela no debate, citando acusações de corrupção a governos tucanos e
 dizendo que os supostos envolvidos estariam "todos soltos".
2. Desempenho econômico
Aécio
 diz que Dilma não reconhece equívocos nas políticas econômicas do seu 
governo e que ela "falhou na condução da economia, não fez o Brasil 
crescer e não conseguiu controlar a inflação".
O tucano diz ainda 
que o Brasil perdeu a confiança dos investidores, que "deixaram o 
Brasil". Aécio diz que o "país não está gerando empregos" e que o 
desempenho da indústria é o "pior dos últimos 50 anos".
A resposta
 de Dilma é que a taxa de desemprego atual - de 5% em agosto, segundo o 
IBGE - é a menor "das últimas três décadas, uma taxa próxima ao pleno 
emprego".
Dilma disse recentemente que há "demagogia" no debate 
sobre a inflação e que a alta recente dos produtos é resultado de "um 
choque de oferta por conta do clima" - em referência à seca que afetou 
as colheitas e elevou o preço de alimentos. O efeito, diz, é passageiro,
 e que a inflação recuará para o limite superior da meta.
A meta 
de inflação do Banco Central é de 4,5%, com tolerância de 2 pontos 
percentuais para cima ou para baixo. Em setembro, o IPCA, índice oficial
 de preços, teve alta de 0,57%, levando o acumulado em 12 meses para 
6,75% - acima da meta.
No debate, Dilma disse que a inflação está 
controlada "dentro dos limites da meta" e compara os números com os dos 
governos Fernando Henrique. Diz, ainda, que indicadores ruins da 
economia são reflexos da crise econômica internacional.
Aécio 
defende o ex-presidente tucano, dizendo que ele teve a missão de debelar
 a hiperinflação brasileira no início dos anos 1990, e alega que a alta 
nos preços no fim do governo dele é creditada a incertezas com a eleição
 do primeiro presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.
3. Desgaste do PT no governo
Aécio
 tem usado, ainda, o argumento de um suposto desgaste do PT após 12 anos
 na Presidência, e diz que este ciclo precisa ser encerrado. Alega, 
também, que houve um "aparelhamento da máquina pública" nos governos 
Lula e Dilma.
No debate da Band, o tucano disse que "há medo na sociedade brasileira... do PT governar por mais quatro anos".
Dilma
 defende o legado e avanços das administrações petistas, sobretudo na 
área social, ao tirar "36 milhões de pessoas da pobreza extrema", e diz 
que a população "não quer os fantasmas do passado de volta, como a 
inflação, o arrocho e o desemprego", como disse recentemente.
Aécio rebate, e diz que brasileiros estão preocupados com "monstros do presente", como inflação, recessão e corrupção. (BBCBrasil)

 
 
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