Para que a presidente reeleita, 
Dilma Rousseff, tenha êxito em sua principal proposta para seu segundo 
mandato, a aprovação de uma reforma política, ela terá de se entender 
com o Congresso quanto à melhor forma de consultar a sociedade no 
processo.
A proposta original de Dilma é pela convocação de um 
plebiscito para tratar do tema. Já os dirigentes da Câmara e do Senado 
preferem que os eleitores participem da reforma por meio de um 
referendo. A posição do Congresso nesse tema é crucial, já que cabe ao 
órgão decidir qual modelo será adotado.
Os pontos de vista 
distintos já provocam atritos entre as autoridades. Na terça-feira, o 
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que "o Congresso 
pagará caro pela omissão" se autorizar a convocação de um plebiscito, 
delegando aos eleitores o poder de definir os rumos da reforma.
O 
presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), reforçou a 
posição de Renan e culpou o PT pela não aprovação de uma proposta de 
reforma no ano passado.
Também na terça, Dilma flexibilizou sua posição ao dizer em entrevista que "não interessa muito se é referendo ou plebiscito". 
Mas, qual é a diferença?
A
 principal distinção é que um plebiscito é convocado antes da elaboração
 de um ato legislativo ou administrativo que trate do assunto em 
questão.
Já um referendo é convocado posteriormente, para que a população aprove ou rejeite a proposta já elaborada.
De que maneira essas diferenças influenciariam na reforma política?
Pela
 proposta de Dilma, um plebiscito sobre a reforma política permitiria 
aos brasileiros posicionar-se sobre vários temas. Eles poderiam, por 
exemplo, decidir se o financiamento das campanhas deve ser público, 
privado ou misto; se o voto deve ser nos partidos, em listas fechadas, 
ou em candidatos; se deve ser criada uma cláusula de barreira para 
impedir que partidos pequenos assumem lugares na Câmara; e se a 
reeleição deve ser proibida.
Caberia ao Congresso decidir 
quais perguntas serão feitas e elaborar uma proposta que respeitasse os 
resultados da consulta. Esse modelo daria aos eleitores maior poder na 
elaboração da proposta.
No caso de um referendo, o Congresso 
elaboraria uma proposta de reforma, e os eleitores teriam apenas o poder
 de chancelar ou vetar o projeto como um todo, sem poder modificá-lo. 
Esse modelo daria ao Congresso mais poder na elaboração da proposta.
Quais os argumentos favoráveis e contrários aos dois modelos?
Defensores
 do plebiscito dizem que, se a elaboração da reforma ficar a cargo do 
Congresso, dificilmente serão aprovadas medidas que descontentem 
deputados e senadores. A reforma, dizem eles, provavelmente seria 
tímida.
Eles afirmam que um plebiscito atenderia os anseios dos 
manifestantes que foram às ruas em junho de 2013 e pediram maior 
participação da sociedade nas decisões do Estado.
Já os defensores
 do referendo dizem que um plebiscito teria perguntas muito específicas e
 que dificilmente os eleitores estarão informados o suficiente para 
respondê-las. Afirmam, ainda, que as opções dos eleitores poderiam 
produzir uma proposta "frankenstein", difícil de pôr em prática.
Eles
 dizem que o Congresso é o órgão mais capacitado para a tarefa e detém a
 legitimidade para executá-la, por ser composto por deputados e 
senadores eleitos pelo povo. Afirmam, ainda, que a realização de um 
plebiscito reduziria a importância do Legislativo, afetando o equilíbrio
 entre os Três Poderes.
Quais foram os últimos plebiscitos no Brasil?
O
 último plebiscito ocorreu em 2011, no Pará, quando os eleitores do 
Estado decidiram se as regiões de Carajás e Tapajós deveriam se tornar 
Estados autônomos. A maioria dos paraenses rejeitou a divisão.
O 
último plebiscito nacional ocorreu em 1993, quando os brasileiros 
puderam optar qual regime de governo vigoraria no país: se monarquia ou 
república e se parlamentarismo ou presidencialismo. Venceu a proposta 
por uma república presidencialista, regime que já vigorava.
Quais foram os últimos referendos?
Em
 2010, os eleitores do Acre decidiram se o fuso horário no Estado 
deveria ser voltar a ser de duas horas a menos que Brasília, após ter 
sido alterado para uma hora a menos. A maioria aprovou a mudança para o 
horário antigo.
O último referendo nacional ocorreu em 2005, 
quando a população foi consultada sobre a proibição do comércio de armas
 de fogo no país.
A proibição estava prevista em artigo do 
Estatuto do Desarmamento, que havia sido aprovado em 2003. Os 
brasileiros, porém, rejeitaram a mudança. (Fonte: BBCBrasil)
E você o que acha? Dê sua opinião. 

 
 
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