domingo, 19 de outubro de 2014

Cidade na Colômbia combate violência atacando 'epidemia' de crimes

 
O prefeito de uma das mais violentas cidades da Colômbia está usando ciência para combater o crime - e com sucesso.
Mas não se trata do tipo de ciência que você vê em seriados da televisão como CSI: Crime Scene Investigation.
Rodrigo Guerrero, prefeito de Cáli, a terceira maior cidade da Colômbia, é também um epidemiologista formado pela prestigiosa universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Aplicando técnicas de epidemiologia no combate ao crime, Gerrero conseguiu, em dois mandatos separados como prefeito, diminuir os altíssimos índices locais de criminalidade.
"Eu calculo que, até o final do ano, serão 58 ou 59 (assassinatos) para cada 100 mil habitantes", disse Guerrero, que foi prefeito da cidade entre 1992 e 1994 e voltou ao cargo há menos de dois anos.
"Ainda é um índice terrível, mas no ano passado eram 81. E estamos confiantes de que as coisas vão melhorar", afirmou.
Investigações e técnicas da ciência forense - tais e quais as vistas nos seriados da TV - também auxiliam Guerrero em sua missão.
Mas ele diz que está, em linhas gerais, "usando o método que nós, epidemiologistas, usamos quando nos deparamos com doenças desconhecidas". Ele fez isso em seu primeiro mandato, 20 anos atrás. E está fazendo o mesmo agora.
"Sempre partimos do pressuposto de que há causas múltiplas", o prefeito explica. "O segredo, então, é identificarmos os diferentes fatores de risco, de forma a lidar com eles. E continuarmos avaliando os resultados".
'Epidemia' de crimes
Parece senso comum. Mas antes de 1992, quando o prefeito de Cáli começou a usar essa estratégia, ninguém tinha pensado em abordar a violência urbana da mesma forma como se combate uma epidemia.
Naquela época, o índice de assassinatos na cidade era estarrecedor: 126 mortos por cada 100 mil habitantes.
Para se ter uma ideia, a capital mais violenta do Brasil, Maceió, tem uma taxa de 90 homicídios por 100 mil habitantes, um segundo o Mapa da Violência no país em 2014, um documento oficial produzido pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).
Fortaleza e João Pessoa, que dão prosseguimento à lista, têm cerca de 76 homicídios por 100 mil habitantes cada. Já São Paulo tem uma taxa de 15,4 e Rio de Janeiro, 21,5 mortes por 100 mil habitantes. A média das capitais brasileiras é de 38,5 homicídios por 100 mil habitantes.

No caso de Cáli, o consenso geral era de que essas mortes estavam associadas ao tráfico de drogas. Uma análise cuidadosa de todos os casos, no entanto, permitiu que outros dois fatores de risco fossem identificados: álcool e armas.
Guerrero decidiu encarar os dois problemas de frente.
"Há um estudo, publicado na American Journal of Epidemiology, que mostra que durante o período no qual impusemos restrições sobre o porte de armas e vendas de álcool, os índices de assassinatos caíram 35%", diz Guerrero.
"Bogotá replicou a experiência, com os mesmos resultados", recorda.
Após deixar o posto de prefeito, o epidemiologista foi trabalhar com a Organização Panamericana de Saúde e o Banco Interamericano de Desenvolvimento. Isso tornou possível que Guerrero repetisse o mesmo modelo em 18 países da região.

Novo diagnóstico

No período em que Guerrero se ausentou de Cáli, a cidade deixou de aplicar seu método tão à risca - ele diz.
Assim, quando retornou ao cargo, em janeiro de 2012, teve de formular um novo diagnóstico.
"O que descobrimos desta vez é que uma grande proporção de assassinatos estava vinculada ao crime organizado: havia premeditação, as mortes normalmente envolviam armas, etc", explica Guerrero.
"Então, entramos em contato com o governo central e os convencemos de que precisávamos aplicar a mesma estratégia usada para destruir os cartéis de drogas 20 anos atrás".
Leia materia completa no site BBCBrasil.

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