O prefeito de uma das mais violentas cidades da Colômbia está usando ciência para combater o crime - e com sucesso.
Mas não se trata do tipo de ciência que você vê em seriados da televisão como CSI: Crime Scene Investigation.
Rodrigo
Guerrero, prefeito de Cáli, a terceira maior cidade da Colômbia, é
também um epidemiologista formado pela prestigiosa universidade de
Harvard, nos Estados Unidos.
Aplicando técnicas de epidemiologia
no combate ao crime, Gerrero conseguiu, em dois mandatos separados como
prefeito, diminuir os altíssimos índices locais de criminalidade.
"Eu
calculo que, até o final do ano, serão 58 ou 59 (assassinatos) para
cada 100 mil habitantes", disse Guerrero, que foi prefeito da cidade
entre 1992 e 1994 e voltou ao cargo há menos de dois anos.
"Ainda é um índice terrível, mas no ano passado eram 81. E estamos confiantes de que as coisas vão melhorar", afirmou.
Investigações
e técnicas da ciência forense - tais e quais as vistas nos seriados da
TV - também auxiliam Guerrero em sua missão.
Mas ele diz que está,
em linhas gerais, "usando o método que nós, epidemiologistas, usamos
quando nos deparamos com doenças desconhecidas". Ele fez isso em seu
primeiro mandato, 20 anos atrás. E está fazendo o mesmo agora.
"Sempre
partimos do pressuposto de que há causas múltiplas", o prefeito
explica. "O segredo, então, é identificarmos os diferentes fatores de
risco, de forma a lidar com eles. E continuarmos avaliando os
resultados".
'Epidemia' de crimes
Parece senso comum. Mas antes
de 1992, quando o prefeito de Cáli começou a usar essa estratégia,
ninguém tinha pensado em abordar a violência urbana da mesma forma como
se combate uma epidemia.
Naquela época, o índice de assassinatos na cidade era estarrecedor: 126 mortos por cada 100 mil habitantes.
Para
se ter uma ideia, a capital mais violenta do Brasil, Maceió, tem uma
taxa de 90 homicídios por 100 mil habitantes, um segundo o Mapa da
Violência no país em 2014, um documento oficial produzido pela Faculdade
Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).
Fortaleza e João
Pessoa, que dão prosseguimento à lista, têm cerca de 76 homicídios por
100 mil habitantes cada. Já São Paulo tem uma taxa de 15,4 e Rio de
Janeiro, 21,5 mortes por 100 mil habitantes. A média das capitais
brasileiras é de 38,5 homicídios por 100 mil habitantes.
Guerrero decidiu encarar os dois problemas de frente.
"Há um estudo, publicado na American Journal of Epidemiology, que mostra que durante o período no qual impusemos restrições sobre o porte de armas e vendas de álcool, os índices de assassinatos caíram 35%", diz Guerrero.
"Bogotá replicou a experiência, com os mesmos resultados", recorda.
Após deixar o posto de prefeito, o epidemiologista foi trabalhar com a Organização Panamericana de Saúde e o Banco Interamericano de Desenvolvimento. Isso tornou possível que Guerrero repetisse o mesmo modelo em 18 países da região.
Novo diagnóstico
No período em que Guerrero se ausentou de Cáli, a cidade deixou de aplicar seu método tão à risca - ele diz.Assim, quando retornou ao cargo, em janeiro de 2012, teve de formular um novo diagnóstico.
"O que descobrimos desta vez é que uma grande proporção de assassinatos estava vinculada ao crime organizado: havia premeditação, as mortes normalmente envolviam armas, etc", explica Guerrero.
"Então, entramos em contato com o governo central e os convencemos de que precisávamos aplicar a mesma estratégia usada para destruir os cartéis de drogas 20 anos atrás".
Leia materia completa no site BBCBrasil.
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