
Eu poderia narrar muitas estórias, mas,
mesmo que alguém viesse a rir, seria por um humor mórbido. Nestes primeiros 15
anos do século XXI o mercantilismo e a falta de calor humano se acentuaram
assustadoramente e o que deveria ser uma época de reencontros, congraçamentos,
faz mais abrir velhas feridas, reacender mágoas e rancores, além de evidenciar
o quanto as pessoas estão afastadas de Deus, porque simplesmente perderam o
fraterno espírito da cristandade. É claro que há muitos festejos, muitas,
luzes, sinos, festas, banquetes e presentes, mas tudo me soa tão falso, tão
desprovido de verdadeiro sentimento natalino, que eu só vejo frieza e solidão
no seio da multidão.
Uma coisa curiosa é que tecnologias
inventadas para aproximar as pessoas estão afastando-as cada vez mais. Lembro
do velho japonês que resolveu fechar sua conta em um banco, porque lá na
agencia ele só falava com máquinas. “O que me motivava a ir a agencia é que eu
podia encontrar amigos, falar com funcionários, interagir com meus iguais. Hoje
é tudo automatizado”, lamentou o tristonho ancião. E o que dizer então das
pessoas que se reúnem nos bares, praças, restaurantes ou até mesmo em casa, com
amigos, e ficam calados, trocando mensagens pelo telefone celular? É triste.
Muito triste.
Quando meu filho caçula ainda era uma
criança, eu gostava de montar o presépio e a arvore de Natal com ele, além de
colocar enfeites pela casa, enquanto lhe contava histórias de natais passados
ou explicava o sentido dos festejos natalinos. Hoje ele está com 20 anos, sabe
sobre estas coisas, mas não tem com quem conversar ou compartilhar, porque a
maioria dos seus amigos estão tão frios e alheios a estes sentimentos quanto a
maioria da população. E não me venham falar dos festejos dos templos
religiosos, porque quando observo de perto as pessoas que hoje frequentam estes
ambientes, vejo que estão muito mais distantes de Deus do que muitos que não
frequentam. É tudo uma questão de entender com a mente e sentir com o coração o
significado do Natal.
Eu não sou um velho frio,
desesperançoso e amargurado, apenas estou triste por quase não ter com quem
compartilhar o meu entendimento e o meu sentimento nesta época tão rica de amor
fraterno, alegria e esperança. E não posso compactuar com a frieza e a
falsidade. Lamento não poder atender à expectativa da minha colega.
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