(Texto psicografado pelo médium Tovin de Dezinha,
inspirado pelo espírito de Raul Seixas)
Essa noite eu tive um sonho
atrapalhado, desesperado eu sonhei que o Brasil tinha acabado. O dia em que o
Brasil parou.
O empresário não saiu pra trabalhar,
pois sabia que não tinha mais empresa pra tocar.
O empregado avisou para o patrão,
que não ia trabalhar, pois tinha manifestação.
O aluno, quando saiu da escola,
disse: até breve! Pois sabia que os professores já iriam entrar em greve.
O policial não prendia o ladrão,
pois sabia que o ladrão, também era o seu patrão.
O deputado não saiu pra deputar,
pois tinha medo que no seu portão, estivesse o japonês da federal.
O advogado, que não era inocente,
também estava preso, junto com o seu cliente.
O sem-terra não saiu pra invadir,
pois sabia que não tinha mais propriedades produtivas para ele destruir.
O ministro não saiu pra ministrar,
pois sabia que não tinha, mais verbas ora ele desviar.
O torcedor não sai para torcer pro
seu timão, pois sabia que todo jogo era sempre uma armação.
O desempregado enchia a cara num
boteco, a mulher via novela, a filha o big brother e o filho era “boneco”.
O sindicalista, não saiu pra
sindicar, pois não tinha mais patrões para ele atazanar.
O médico queria a volta da ditadura,
por pura preguiça e comodismo a medicina não tem a cura.
O professor desistiu e gritou: Não
há nada a fazer! O jovem brasileiro é muito burro pra aprender!
O cientista, há muito se picou, sem
ter espaço no Brasil, foi morar no exterior.
Os artistas globais, que moram nos
isteites, não voltam aqui nem para gravar, gravam tudo num pen drive e mandam a
zorra de lá.
A presidanta estava de calundu pois
já havia despachado toda merda que tinha no... monossílabo.
Preso naquele pesadelo eu tentava
acordar, quando vi um clarão no céu e levei um susto da porra. Não era nenhuma
luz vindo divina pra nos salvar. Eu não estava dormindo e não era pesadelo, era
pura realidade. O clarão foi de um relâmpago, tava chovendo pra burro. E como
não tinha transporte, por causa da greve, eu tava indo pra casa a pé.
Brasil! Ame-o ou deixe-o. E o último
a sair, por favor deixe a luz acesa e quem quiser que se lasque pra pagar a
conta;
Fui!
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