O documento de
70 páginas foi preparado por um grupo de especialistas.
Veja abaixo quais foram os erros e acertos desse
relatório:
Acertos
Sofisticação do terrorismo
"Entre
agora e 2015, as táticas terroristas se delinearão e desenvolverão de forma
muito mais sofisticada para a realização de mais ataques letais em massa."
Não demorou
muito para que o mundo desse razão para a CIA neste ponto do relatório: os
ataques de 11 de setembro de 2001 ocorreram logo em seguida. Na época, nem a
própria CIA conseguia dar a dimensão correta do alcance que teria esta
sofisticação que acabou definindo a política internacional a partir de 2001.
Os
especialistas da CIA previam que grupos insurgentes, traficantes de drogas e
gangues criminosas usariam a globalização a seu favor para trabalhar juntos e
desenvolver redes criminosas internacionais, que promoveriam o tráfico de armas
nucleares, biológicas e químicas, que seriam usadas contra o Ocidente.
Esta previsão,
assim como foi apresentada, parece mais com um roteiro de filme da série James
Bond. Mas a realidade pode, no entanto, ser ainda mais preocupante.
O grupo autodenominado Estado Islâmico, por
exemplo, não precisou traficar armas químicas. Há o temor de que eles estejam
utilizando instalações e recursos de lugares que ocuparam na Síria e no Iraque
para fabricar suas próprias armas.
Revolução tecnológica
Aqui a CIA
parece ter acertado em cheio: ela previu uma explosão digital, liderada pela
tecnologia móvel. O acesso universal à comunicação pelo celular produziria
"a maior transformação global desde a revolução industrial", afirmou
o relatório.
Acertos com erros
Estatísticas sobre a população mundial
"A
população mundial crescerá em mais de um bilhão (de pessoas), para 7,2
bilhões", afirmou o relatório.
Certo, em
parte. Eles acertaram que as populações na Rússia e na Europa Oriental
diminuiriam. Mas erraram ao afirmar que a população da África também
diminuiria, devido à "Aids, fome e a constante instabilidade política e
econômica".
Energia
"Os
recursos energéticos serão suficientes para satisfazer a demanda", afirmou
o relatório da CIA.
Previsão certa
para o petróleo, que hoje está com excesso de oferta e obrigou as companhias do
setor a reavaliar seus planos de extração para os próximos anos.
Mas a previsão errou para as outras fontes de
energia.
O auge da biotecnologia
O documento da
CIA acertou ao afirmar que o preço de testes e exames de DNA iria cair. Isto
aconteceu de forma marcante nos últimos cinco anos, permitindo mais pesquisas
que incluem sequenciamento do DNA, como as que tentam encontrar a cura ou
prevenção precoce do câncer.
Também estava
certo sobre a expansão das lavouras de transgênicos que, apesar de serem
rejeitadas por ambientalistas, hoje compõem 30% dos hectares de milho
cultivados globalmente, 68% das de algodão e 82% das de soja.
Erros
Rússia 'fraca internamente'
Para a CIA, o
futuro do histórico antagonista dos americanos seria assim: uma Rússia
"fraca internamente" que usaria suas reservas de gás e seu poder de
veto no Conselho de Segurança da ONU para manter seu status. E este talvez foi
o maior erro do relatório.
A Rússia hoje,
liderada por Vladimir Putin, é tão influente no panorama mundial como as
potências ocidentais e construiu uma rede internacional de aliados que vai da
Venezuela à Síria. Sua posição permitiu até que o país anexasse território, como
a península estratégica da Crimeia, e fizesse intervenções em conflitos
internacionais como o da Síria.
Um robusta economia global
"A
economia global está bem posicionada para alcançar um período sustentável de
dinamismo até 2015". Esta era a previsão do relatório da CIA, que também
afirmava que o crescimento econômico mundial chegaria "aos altos níveis
alcançados nos anos 1960 e começo dos anos 1970".
Se bem que o
documento falava de uma potencial crise, e citava os países em desenvolvimento
como seus prováveis protagonistas, pois estes não tinham conseguido ainda
liberalizar de forma satisfatória seus sistemas financeiros.
O documento não faz nenhuma previsão sobre o
colapso financeiro de 2008, que jogou as economias americana e europeia em uma
profunda crise e causou a discussão e implementação de medidas para colocar
limites ao capitalismo. (BBCBrasil)
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