terça-feira, 13 de julho de 2021

Estamos fazendo as escolhas certas?

O começo de romance mais perfeito que conheço está em Anna Karenina, de Tolstoi. Ele diz: todas as famílias felizes são iguais; as infelizes, cada uma é ao seu modo. 

As avaliações mostram que as doenças comportamentais crescem vertiginosamente. Os CAPS estão com fila, a geração tarja-preta é o simbolo desta pós-modernidade. E, de repente, vai tudo ficando frágil: os valores, as escolhas, a ética, as amizades, o profissionalismo. A família, por sua vez, tornou-se uma vítima sem trégua da militância dos costumes que pretende dizimar sua existência pela salutar força conservadora que exercem e por muitos que a partir da incapacidade de obtê-la tentam sonegá-la para todos.

Assim vamos construindo uma descartabilidade e indiferença que são destrutivas, pois nada mais somos que um atávico bando ancestral, com suas necessidades de referencias, confiança, agregação.
Ao fragilizarmos a interface com o outro tentamos construir em vícios, discursos desconstrutivos, posses temporárias, aditivos, uma porta de saída e de validação do processo. E este rompimento, esta desagregação continua, cotidiana, sistemática, está cobrando um preço caro e impondo uma permanente insatisfação.
Aliado a isto, estamos presos, cada vez mais, a uma certificação da existência por valores externos, universalmente socializados em rede, em uma busca insaciada, ilimitada, exibicionista, precária, em nome da qual pratica-se tudo para sua obtenção.
A verdade, é que a impermanência é violenta, a desconfiança permanente erosiva e a incerteza total um risco além dos suportável.
Não podemos permanecer nesta escalada de aniquilamento individual e de valores sob o risco de acabarmos em uma guerra real que resignifique o que deveriam ser nossas escolhas. Se sobrar alguém, é claro.

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