terça-feira, 17 de maio de 2022

Alexandre de Moraes e a voz dos imbecis

O ministro do STF, Alexandre de Moraes, disse que a “internet deu voz aos imbecis, e que as pessoas vestem um paletó, botam uma estante, falsa, de livros, atrás e vão dar opinião sobre tudo em lugar de especialistas”. Ao citar os imbecis ele se refere a uma declaração do grande pensador italiano Umberto Eco.

As últimas atitudes do Ministro têm imposto medo a quem trabalha ou gosta de dar opinião e há algo muito errado quando um cidadão tem medo de sua Suprema Corte. Então, quero abrir divergência com o Ministro- aviso que respeitosamente- até mesmo porque sou um nada diante do majestoso e descontrolado poder do STF.
O ministro, de paletó, mas sem estante, saiu a dar opinião sobre a voz da internet mesmo sem ser sociólogo, filósofo, especialista em comunicação. E aqui ele cometeu um erro fatal porque ao querer cercear quem dá opinião, ou definir que opinião é idiota ou não, ele está se arvorando a ser o guia maior do povo ignóbil, deixando à mostra um viés totalitário, soberbo, e sendo pouco democrático. Esse tipo de censura, não nos traz boa memória.
Aliás, isso se torna mais grave- muito grave- quando o tribunal que ocupa é exatamente aquele que deve garantir o direito de opinião de todos- inclusive e especialmente dos idiotas. Ressalto que ameaças de agressão física ou de morte não se enquadram nesse argumento e devem ser punidas com o rigor da lei. Ao fazer esse pronunciamento, aliás, o STF carece de um curso de liturgia do cargo, o ministro demonstra pouca profundidade filosófica, intelectual- o que não tem a ver com o domínio jurídico- e uma rasa compreensão da liberdade de expressão da qual ele é o guardião.
Eu, e qualquer outro, podemos dizer que esta ou aquela opinião, inclusive a de um ministro, é idiota, mas o ministro não tem o mesmo direito, porque soa como censura, e, ao contrário, cabe a ele garantir a minha fala. Então, sem paletó e sem estante, deixo aqui meu protesto pela infeliz fala do Sr. Alexandre de Moraes, ministro do STF.

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