* Pleito de passaporte *
Querida
Aninha Franco, (¹)
Permitas
a intimidade de velhos bem-quereres.
Ates
meu nome à árvore de teus amigos.
Serei
conciso.
Acertei no milhar!
Finalmente, conheci tua
República AF.
Rua das Laranjeiras,
38, Pelourinho.
Centro Histórico de Salvador.
Teu livro-documentário
Criação
da Cidade da Baía
cochila à cabeceira de minha cama.
Despertarei tuas letras,
assim despeça-me de Saramago
em seu Ensaio sobre a Cegueira
Sei, a obra será de meu agrado.
É inegável minha admiração
por tua arte e teus pensares.
Provenho
dos pampas,
idos
anos sessenta,
primeiras
levas de gaúchos.
Primórdios
da industrialização baiana.
Semeei
o CTG Rincão da Saudade.
Centro Industrial de Aratu, projeto
então;
BR-324, BR-28 era.
O atual bairro Valéria,
- aonde se instalou a indústria
com a qual imigrei -
pertencia a Lauro de Freitas.
Num
quarto de século,
em
Salvador,
ares
vários desfrutei:
Graça,
Pituba,
Escada,
Ladeira da Barra,
Aldeia Jaguaribe.
Escada!
Saudade da pacata vida
suburbana
ao sopé da
multissecular igrejinha.
Os velhos trens e seus
silvos,
enquanto o mar salgava
as pedras do alpendre elevado.
Quintal, mangueiras,
sapotizeiros, morcegos,
mar a um passo,
sossegos.
A canoa tronco-de-árvore, vela-pena,
alaranjados despencares do sol
na mansidão das águas da baía, bordejos.
Depois
das tintas,
onde
aprendi as cores do arco-íris,
ventos
benfazejos sopraram-me ao interior.
Labuta fumageira e seus charutos.
Encantei-me com o Recôncavo Baiano.
Outro Brasil.
Também
andei pelo Vale do Jiquiriçá.
Semeei
cacau, riqueza da Bahia.
Outra
história.
Maduros amores,
levaram-me
à Chapada Diamantina,
ao Morro de São Paulo,
para ficarmos na
essência.
Vivi.
Hoje,
contador de histórias,
não
tenho pejo em me despir.
Portanto, querida Aninha,
desnudo o coração
ao pleitear o passaporte
de tua republicana confraria.
Ora, na vida, escrevo,
em sonho semeio
jacarandás.
Sei, não os verei
beijar as nuvens.
Para que tanto viver,
se imaginar eu posso?
Um beijo encantado
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