Todas as atenções se voltaram para o julgamento no STF da descriminalização do porte da maconha para uso próprio. O julgamento foi pausado após novo pedido de vista do ministro Dias Toffoli. Até o momento, foram cinco votos favoráveis e três contra. O que quer dizer que basta mais um voto favorável para que seja liberado. O estranho nisso tudo é que quem deveria decidir sobre a questão seria o Congresso Nacional. Porém, como vem agindo usualmente, o STF tomou para si a decisão ante o silencio do Parlamento.
Tem sido assim desde que Jair Bolsonaro
chegou ao poder. Durante os quatro anos do seu mandato o que se viu no Brasil
foi um festival de aberração jurídica, com o Supremo mandando e desmandando
ante a inércia do Congresso. O STF não faz leis, ele é o último recurso para
decidir quando a Câmara Federal e o Senado não chegam a um acordo sobre
determinado assunto e levam a questão para o Supremo. Mas, tanto o Senado
quanto a Câmara Federal tomaram gosto e lavaram as mãos, deixando o STF julgar tudo.
Como não poderia deixar de ser, o STF tomou gosto pelo poder e tem atropelado o
Congresso, decidindo tudo e até fazendo leis.
Esse imbróglio da maconha vai fazer a
corda arrebentar. O STF vai aprovar a liberação da maconha e o Congresso vai
vetar. A crise está formada e o desfecho seja ele qual for, terá graves consequências
para a sociedade civil. O curioso disso tudo é que o STF mandou e desmandou
livremente porque interessava aos políticos do Congresso, no afã de defender
seus interesses politiqueiros, na ânsia de derrubar Bolsonaro e reconduzir Lula
ao poder.
Os nobres deputados e senadores criaram
um monstro e agora ele não quer lagar o osso. Não se pode afirmar quem sairá
vencedor nesse cabo de guerra. Porém,
como sempre, quem vai perder é o povo brasileiro, que também tem sua parcela de
culpa porque não sabe escolher seus representantes e nem fiscaliza suas ações
ou cobram o cumprimento de seus deveres como parlamentares. Quando chamado a
participar mais ativamente dos processos eleitorais, os eleitores simplesmente
torcem o nariz e afirmam: “Não gosto de política”. Desse modo os que gostam
deitam e rolam livremente.
É mole ou quer mais?
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